Motta prometeu se inspirar em Ulysses, mas hoje o envergonhou
Reação do presidente da Câmara ao protesto de Glauber Braga, nesta terça, foi uma traição às promessas de Motta em seu discurso de posse, cheio de referências a Ulysses
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Ao tomar posse na Presidência da Câmara, em janeiro, Hugo Motta pontuou seu discurso com diversas citações a Ulysses Guimarães, que presidiu a Casa na promulgação da Constituição de 1988. Motta citou Ulysses nominalmente 14 vezes, ressaltou o legado do ex-deputado na consolidação da democracia no país e repetiu sua célebre declaração sobre “ódio e nojo à ditadura”.
Apesar do discurso calibrado de janeiro, Hugo Motta envergonhou Ulysses Guimarães nesta terça-feira, 9. O que se passou no plenário da Câmara, com agressões e truculência contra o deputado Glauber Braga, deputados e jornalistas foi uma traição à promessa de Motta de se inspirar no “Senhor Diretas”, morto em 1992.
Disse o presidente da Câmara ao se sentar na cadeira que já foi de Ulysses Guimarães:
“A memória de Ulysses deve iluminar corações e mentes nestes tempos difíceis” — tudo que Hugo Motta não fez nesta terça.
Sobre a atuação da imprensa, impedida de acessar o plenário da Câmara e de fazer seu trabalho em meio à reação de Motta contra Braga, o presidente da Casa também traiu a si próprio.
Motta, afinal, disse no mesmo discurso de posse que “não há democracia sem imprensa livre e independente” e parabenizou os jornalistas pelo “trabalho tão fundamental de noticiar diariamente aos milhões de brasileiros os acontecimentos desta Casa”. Nesta terça, não foi possível.
Ulysses, de onde estiver, está envergonhado pela postura de Hugo Motta.