O que leva brasileiros a não procurarem emprego – e como isso afeta a economia

Um estudo do banco Daycoval mostrou as três principais razões alegadas pelas pessoas em idade ativa para não procurarem uma ocupação

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A taxa de desemprego no Brasil registrou o menor patamar da história em outubro de 2025 e chegou a 5,4%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado positivo, entretanto, é mascarado por um problema crônico da economia brasileira: o chamado desalento, quando pessoas em idade ativa, entre 15 e 64 anos, deixam de procurar postos de trabalho com ou sem carteira assinada.

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Um estudo do banco Daycoval baseado nas entrevistas da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua) realizada pelo IBGE entre 2019 e 2025 mostrou os três principais motivos alegados pelos brasileiros para não procurarem uma ocupação.

As três justificativas mais apresentadas são problemas de saúde e incapacidade, responsabilidades com familiares e estudos. Se essas pessoas procurassem uma vaga formal ou informação, a taxa de desemprego brasileira seria maior.

Efeitos econômicos
Antonio Ricciardi, economista do Daycoval, explicou ao PlatôBR que o estudo buscou descobrir os motivos de o desemprego baixo não pressionar ainda mais a inflação e deixar de contribuir para um nível maior da atividade econômica.

Segundo ele, na última mínima histórica da taxa, de 6,2% (registrada em 2013), a inflação de serviços estava perto de 9%, acima dos 6% atuais. Além disso, as variações recentes da taxa de desocupação sugerem que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) seria próximo de 4% em 2025 se esse grupo de brasileiros estivesse empregado – um percentual superior à mediana de 2,2% estimada pelo mercado e estampada no Boletim Focus, do Banco Central.

“Nosso estudo aponta que o mercado de trabalho tem um fator específico que responde essa pergunta. A taxa de desemprego diminuiu e parte desse efeito decorre do fato de que muitas pessoas não estão trabalhando pelos três motivos apresentados”, disse Ricciardi. 

Ao incorporar à força de trabalho do país o total de pessoas que deixam de procurar emprego por problemas de saúde, incapacidade, responsabilidades com familiares e estudos, a taxa de desemprego subiria para uma patamar próximo de 7,5%.

Correlação com benefícios sociais
A apresentação das três principais justificativas para o desalento ganhou força, segundo Ricciardi, a partir do último trimestre de 2022, o que indica uma mudança estrutural recente na oferta de trabalho.

Segundo ele, esse período coincide com o aumento na concessão de benefícios sociais de transferência de renda – principalmente o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e o Bolsa Família.

“Há uma correlação entre a intensidade do desalento nesse período com os programas assistenciais. Mas não podemos afirmar que os programas assistenciais são responsáveis por tirar as pessoas do mercado trabalho. Um outro estudo é necessário e pode identificar essa causalidade”, afirmou Antonio Ricciardi.

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