No improviso, Lula chama mais atenção para a Amazônia do que em discurso preparado

Presidente da República abriu a lista de chefes de Estado e de governo que discursaram durante Cúpula do Clima. O petista defendeu o Acordo de Paris, que busca frear o aquecimento global, e pediu cooperação global para reduzir a emissão de poluentes

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BELÉM — O improviso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira, 6, durante o discurso que abriu as falas dos chefes de Estado e de governo que participam da Cúpula do Clima, em Belém, foi mais efetivo no alerta sobre a importância da Amazônia do que o texto preparado pelos técnicos do Palácio do Planalto

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“Muita gente acreditava que não fosse possível trazer para um estado da Amazônia uma COP porque as pessoas estão mais habituadas a desfilar por grandes cidades. E nós resolvemos que a Amazônia para o mundo é igual uma bíblia: todo mundo sabe que existe e cada um interpreta da sua forma. Nós queríamos que a pessoa viesse aqui para ver o que é a Amazônia, o povo, a natureza e a culinária”, disse ao fim da leitura do discurso, no improviso.

O Acordo de Paris, destinado a frear o aquecimento global, também foi lembrado pelo presidente enquanto lia o texto que passava no teleprompter. Segundo ele, pelo tratado que comemora 10 anos em 2025, foi possível se afastar dos prognósticos que projetavam um aumento de até cinco graus na temperatura média global até o final do século.

“Provamos que a mobilização coletiva gera resultados. Mas o regime climático não está imune à lógica de soma zero que tem prevalecido na ordem internacional. Em um cenário de insegurança e desconfiança mútua, interesses egoístas imediatos preponderam sobre o bem comum de longo prazo”, disse. 

Riscos para o mundo
Lula ainda relembrou que 2024 foi o primeiro ano em que a temperatura média da Terra ultrapassou um grau e meio acima dos níveis pré-industriais e essa elevação se estenderá por algum tempo ou até décadas. 

“Não podemos abandonar o objetivo do Acordo de Paris. O relatório de emissões do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente estima que o planeta caminha para ser dois graus e meio mais quente até 2100. Segundo o Mapa do Caminho Baku-Belém, as perdas humanas e materiais serão drásticas”, disse. 

Mais de 250 mil pessoas poderão morrer a cada ano até 2100, disse Lula, e o o PIB global pode encolher até 30% caso nada seja feito para frear o aquecimento global. 

“Por isso, a COP30 será a COP da verdade. É o momento de levar a sério os alertas da ciência. É hora de encarar a realidade e decidir se teremos ou não a coragem e a determinação necessárias para transformá-la”, disse. 

Os dois descompassos
O avanço no processo de transição energética, disse Lula, depende a superação de dois descompassos. O primeiro, segundo ele, é a desconexão entre os salões diplomáticos e o mundo real.

“O combate à mudança do clima deve estar no centro das decisões de cada governo, de cada empresa, de cada pessoa. O conceito de mutirão, que traduz um esforço coletivo em torno de um objetivo comum, é o espírito que vai animar Belém. A participação da sociedade civil e o engajamento de governos subnacionais será crucial”. 

O segundo descompasso, afirmou o presidente, é o descasamento entre o contexto geopolítico e a urgência climática. Lula disse que forças extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras a um modelo ultrapassado que perpetua disparidades sociais e econômicas e degradação ambiental.

“Rivalidades estratégicas e conflitos armados desviam a atenção e drenam os recursos que deveriam ser canalizados para o enfrentamento do aquecimento global. Enquanto isso, a janela de oportunidade que temos para agir está se fechando rapidamente”, disse.

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