Enquanto conduzem as demandas administrativas de suas cidades, com mais de três quartos do atual mandato pela frente, prefeitos de alguns dos principais municípios de Minas Gerais começam a delinear estratégias eleitorais para 2026. Sem anunciar formalmente candidaturas, muitos articulam apoios, recebem convites partidários, avaliam alianças e projetam nomes próprios ou de aliados para cargos proporcionais e majoritários, incluindo Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados e Senado. Para medir essa movimentação, o Estado de Minas mapeou as intenções dos gestores de grandes cidades em várias regiões do estado.
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Na Região Metropolitana de BH, a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), se posiciona como uma das principais apostas do partido para o Senado. Pesquisas recentes da AtlasIntel a colocam à frente da disputa, com 27,3% das intenções de voto. Embora tenha sido sondada para disputar o governo estadual, Marília tem reiterado que sua prioridade é a discussão sobre o Senado, evitando, por ora, qualquer movimento que antecipe definições. A prefeita afirmou que o debate interno ainda não começou de forma estruturada e que não há decisão partidária sobre a chapa majoritária.
“As pesquisas me colocam como competitiva e em primeiro lugar, mas ainda não existe nenhuma reunião do PT que tenha formalizado decisão. Estou disposta a conversar sobre o Senado com o presidente Lula”, disse.
Em Ribeirão das Neves, o prefeito Túlio Raposo (PP) mantém o foco na consolidação de sua gestão, sem manifestar publicamente interesse em disputar outro posto em 2026. Aliados reconhecem que ele poderia ser estimulado a concorrer à Assembleia, caso mudanças políticas criem oportunidade, embora essa hipótese esteja distante e sem articulação efetiva.
Assembleia no horizonte
Em Santa Luzia, Paulo Henrique “Paulo Bigodinho”(Avante) assume a prefeitura em um movimento sucessório semelhante ao do delegado Christiano Xavier (PSD) ao fim do mandato anterior. Fontes próximas indicam que, diante de entregas acumuladas no primeiro ano de governo, Bigodinho poderá projetar candidatura à Assembleia Legislativa.
O prefeito de Sabará, Sargento Rodolfo (Republicanos), descarta participação direta na disputa de 2026. Mas confirmou que apoiará Carol Caram (Avante) para deputada estadual e Vinicius Diniz para deputado federal, sinalizando que sua atuação eleitoral será concentrada no apoio à base aliada.
No Triângulo Mineiro, a prefeita de Uberaba, Elisa Araújo (PSD), negou a intenção de concorrer em 2026, reforçando prioridade para a gestão. Como vice-presidente do PSD, indicou à reportagem que o partido apresentará novos nomes na região. “Muita coisa boa vem por aí”, disse.
Em Uberlândia, Paulo Sérgio Ferreira (PP) concentra-se na administração e na captação de recursos internacionais, sem sinais de candidatura. Em Araxá, Robson Magela (Cidadania) mantém dedicação exclusiva à gestão.
Encruzilhadas políticas
No Centro-Oeste, o prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (Novo), afirmou que qualquer decisão sobre candidatura só será tomada em 2026, após análise de convites. Ele negou mudança partidária. “Estou bem onde estou. Mas, se tiver que trocar, vamos trocar”, disse.
O Novo tende a apoiar o vice-governador Mateus Simões (PSD) na sucessão de Zema, e Gleidson deve se engajar na campanha do irmão, senador Cleitinho (Republicanos), também pré-candidato ao governo estadual.
Em Nova Serrana, Fábio Avelar (Avante) permanece concentrado no mandato, enquanto rumores sobre candidatura a deputado estadual seguem sem confirmação. Em Pará de Minas, Inácio Franco (PL) mantém o foco na prefeitura.
No Leste de Minas, Coronel Sandro (PL), prefeito de Governador Valadares, ainda não definiu seus movimentos para 2026. Marco Antônio Lage (PSB), em Itabira, e Marinho (PL), em Teófilo Otoni, priorizam a gestão. Em Juiz de Fora, na Zona da Mata, Margarida Salomão (PT) descarta concorrer a outro cargo.
Observação e expectativa
No Sul e Sudoeste, Coronel Dimas (Republicanos), em Pouso Alegre, Leonardo Ciacci (PSD), em Varginha, Paulo Ney de Castro Júnior (PSDB), em Poços de Caldas, e Diego de Oliveira (PSD), em Passos, mantêm foco na gestão, ainda que alguns monitorem discretamente o cenário de bastidores.
O ambiente político ganhou nova temperatura após publicações nas redes sociais envolvendo Falcão (sem partido), prefeito de Patos de Minas e presidente da Associação Mineira de Municípios, ao lado de Cleitinho, do governador de Goiás Ronaldo Caiado (União Brasil) e de Euclydes Pettersen, presidente estadual do Republicanos. As postagens suscitaram especulações sobre alianças e chapas regionais, embora sem nenhum anúncio formal. Em entrevista recente ao EM, Falcão afirmou que só definirá seus próximos passos políticos em 2026.
Para o cientista político Caio Almeida, da PUC Minas,“prefeitos funcionam como puxadores de voto e mediadores de alianças locais, negociando espaço para deputados e testando candidaturas próprias”. “O poder local se converte em capital decisivo para o resultado das eleições”, analisa.
