ENTREVISTA EXCLUSIVA

Pão com mortadela ou banana com casca? Lula ironiza Zema e a "bomba-relógio

Presidente ataca críticas de Zema, desafia governador para debate sobre realizações, analisa o que não conseguiu fazer pelo país e manda mensagem para mineiros

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O governador Romeu Zema tem criticado veementemente o senhor, inclusive nas redes sociais. Recentemente ele deu uma entrevista falando que o governo do senhor era de resultados artificiais e o comparou a uma bomba-relógio. O que acha disso?

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Olha, quando ele fala que o meu governo é uma bomba-relógio, ele deve estar olhando para o governo dele. Porque ele pegou esse governo com uma dívida de cento e poucos bilhões e deixou com 200 e poucos bilhões. Ele passou 8 anos sem pagar dívida. Oito anos. E quem fez um acordo para resolver o problema da dívida de Minas fomos nós. E aí outra vez com a ajuda do Pacheco, que trabalhou muito para a gente fazer o Propag. E no Propag a gente está obrigando o governador (a fazer a parte dele) de redução de juro. Ele vai ter de parar de comer banana com casca e vai ter que investir em custo profissionalizante para formar a juventude de Minas Gerais. Então, esse tipo de gente que faz política na internet, contando a mentira que quer, comendo jaca com casca, abacaxi com casca, melancia com casca, banana com casca, não dá certo na hora da verdade. Então, se o Zema é candidato a presidente, o ano que vem é a hora da verdade. A gente vai ver o que ele fez em Minas Gerais, o que eu fiz.

Como vê a pré-candidatura do governador Zema? Ele quer o lugar do senhor...
É, ele só vai ter que pedir para o povo. É uma diferença muito grande. Ele vai ter que ir para a rua, vai ter que convencer, vai ter que explicar o que ele fez em Minas Gerais. E eu, sinceramente, eu prefiro comer um pão com mortadela do que comer banana com casca. Eu desde pequeno aprendi sobre a casca da banana. Aprendi que nem o macaco come banana com casca, porque é uma coisa civilizatória. Então, essas pessoas que vivem de gracinha na internet, que vivem inventando, não vão dar certo. O ano que vem é o ano da verdade. Se ele for candidato e eu for candidato, a gente vai estar num debate em que ele vai dizer as proezas deles em Minas Gerais, eu vou dizer as minhas fraquezas no Brasil e vou mostrar o resultado das coisas. Aliás, eu vou pedir (pra ele dizer) quem fez mais política de inclusão social em Minas Gerais. Se foi o governo do estado ou o governo federal. Quem é que cuida dos pobres neste estado? Ele vai ter chance de provar.


Nós mulheres, eu como jornalista, a gente tem visto muito na televisão casos ligados a feminicídio. Aí eu vi que a primeira-dama Janja pediu ao senhor para ter uma atenção especial a esses casos de agressões e violências contra mulher. Tem alguma política, algum avanço com relação ao combate ao feminicídio para o nosso país?


Veja, nós temos uma PEC da segurança para ser votada na Câmara dos Deputados. Essa PEC vai definir qual é o papel do governo federal na segurança pública nos estados, porque hoje, tal como está a Constituição, o poder da segurança pública no estado é do governador. Porque é ele que tem a Polícia Militar, ele que tem a Polícia Civil. Então, o que nós queremos aprovar na PEC é como é que o Estado brasileiro, o governo federal pode entrar. Qual é o papel da polícia federal? Se a gente vai poder interferir? Porque, veja, no Rio de Janeiro havia cinco anos que a polícia do Rio de Janeiro procurava o assassino de Marielle e não encontrou. Quem encontrou foi a Polícia Federal. Então, a Polícia Federal, ela tem expertise, ela tem mais inteligência e nós queremos redefinir. Nós queremos redefinir o papel da guarda nacional. Se aprovada a PEC, nós vamos criar o Ministério da Segurança Pública neste país. Essa é uma coisa. A outra coisa, sobre a violência contra a mulher. Eu fiz um discurso em Pernambuco dizendo o seguinte: acabou. A violência contra a mulher não é um problema da mulher. É um problema do homem. É o homem que tem que parar de ser violento. Ele tem que parar de ser machista. Ele tem que parar de achar que ele é dono da parceira dele. Ele precisa compreender que as pessoas só podem viver junto se quiserem viver junto. Então, eu fiz um apelo. Fiz um apelo inclusive aos sindicalistas. Talvez a semana que vem vou ter uma reunião com o presidente da Suprema Corte, com a ministra Cármen Lúcia, com o presidente do Superior Tribunal de Justiça, com o presidente da Câmara, com o presidente do Senado, para que a gente discuta qual é o papel dos homens na luta contra a violência contra a mulher. Porque quem é violento é o homem. Então, nós precisamos levar para a porta da fábrica, para a porta do comércio, para a porta do banco, para as ruas. Nós homens falando que nós temos que nos reeducar. Não é só aumentar a pena, mudar o código penal, é nos reeducar. Porque eu fui criado por uma mãe analfabeta que me ensinou que me ensinou que a gente não pode bater em mulher. Minha mãe falava assim: "Se você casar e você brigar que a sua mulher se separe, mas jamais levante a mão para bater na sua mulher”. É isso que nós temos que falar com os homens. É isso. Então eu acho que as mulheres precisam entender o seguinte: nós, homens, precisamos ter coragem de assumir a responsabilidade que nós somos culpados pela violência contra a mulher. Então nós temos que parar. Nós aprendemos com a nossa mãe, aprendemos com o nosso pai e nós precisamos educar os nossos filhos não sendo violento, sendo delicado com a nossa parceira.


Presidente, o senhor está concluindo agora o seu terceiro mandato. O que ainda não conseguiu fazer ou que lhe causa frustração com relação ao Brasil?


Eu sonho fazer com que o Brasil se transforme num país de uma classe média de padrão, um estado de bem-estar social. Eu fico olhando sempre para os países nórdicos, o padrão de vida deles. Eu fico olhando a Europa, o padrão de vida, eu quero que o Brasil seja assim. Por isso é que estou investindo em universidades. Eu vou dizer uma coisa para você: a primeira universidade brasileira foi feita em 1920, a Universidade do Brasil, porque era preciso dar um prêmio de doutor honoris causa para o rei da Bélgica que vinha para o Brasil. Então, o que acontece? De lá até eu chegar na Presidência, foram feitas entre universidades novas e as extensões, 136 ou 138. Em 83 anos. Eu, em 10 anos, sozinho, já fiz 143. Ou seja, sozinho eu já fiz mais do que 83 anos desse país. Se juntar eu e a Dilma, nós fizemos quase 200. Então, é o seguinte: eu estou apostando nisso, eu preciso fazer mais investimento em educação, mais escolas de tempo integral, mais institutos federais, mais universidades, mais engenheiro, ou seja, preciso formar muita gente. É por isso que nós criamos o programa Pé de Meia. Porque nós descobrimos que 500 mil crianças no ensino médio estavam desistindo da escola para trabalhar, para ajudar a família. Então nós resolvemos criar uma proposta para essas crianças. Eu tenho esse sonho. Eu tenho o sonho da casa própria. Eu tenho o sonho da transposição do Rio São Francisco. Eu tinha o sonho da Transnordestina, tudo isso está acontecendo. E você lembra do meu discurso em 2003? Eu não fiz nenhum discurso com bravata. Eu falei: “Se, ao terminar o meu mandato, todo brasileiro e brasileira tiver tomando café, almoçando e jantando, eu já terei realizado a obra da minha vida”. E, graças a Deus, eu já fiz isso. E é isso que eu quero continuar fazendo. Fazer com que o povo pobre não seja tratado como invisível. Que ele seja enxergado por quem governa. Que o povo negro não seja tratado como invisível. Que as pessoas não sejam discriminadas, que não haja preconceito, que não haja violência. O que eu quero na verdade é que os filhos das pessoas mais pobres e mais ricas possam disputar a mesma vaga com as mesmas oportunidades. Eu não quero tirar nada de ninguém. Eu só quero dar oportunidade a todos. Condições iguais.


Estamos chegando ao fim do ano, Natal, ano-novo. Qual o recado que o senhor deixa para os mineiros nesse período?

Você sabe que o Natal para mim é uma época triste. Eu nunca ganhei um presente na minha vida. O meu primeiro presente eu comprei com 17 anos, que era uma bicicleta velha, que eu passava mais tempo consertando do que andando nela. Então, eu acho Natal uma coisa melancólica porque eu fico muito triste, porque tem muita gente que não pode comprar um brinquedinho. Tem muita gente que fica passeando nas lojas sem poder comprar nada. Isso me dá um certo desânimo na vida. Mas, ao mesmo tempo, a gente tem que ficar feliz com as pessoas que podem comprar alguma coisinha. Eu acho que é uma comemoração extraordinária, do nascimento de Jesus Cristo. Acho que é uma data muito importante. E quero que todo mundo esteja bem. Quero que todo mundo não perca fé, que todo mundo tire proveito daquilo que conquistou e que tem esperança. Não perca a esperança. Sou filho de uma mulher que muitas vezes não tinha comida para colocar no fogo. Estavam oito filho em volta da minha mãe. Ela falava assim: “Hoje não tem, mas amanhã vai ter”. Então é isso que eu queria dizer para o povo. Se a gente ainda não conquistou tudo que a gente quer hoje, vamos ter certeza que a gente vai conquistar amanhã ou depois de amanhã. Eu tenho certeza que nós vamos ter um 2026 melhor do que 2025, que foi melhor do que 2024, que foi melhor do que 2023, e vamos para frente fazendo as coisas acontecerem neste país. Esse é meu sonho, meu desejo: um feliz Natal e um feliz ano-novo.

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