"Não desisti do Pacheco": eleições e a prisão de Bolsonaro na visão de Lula
Presidente insiste com Pacheco para sucessão de Zema, ironiza oposição para 2026 e fala sobre projeto para reduzir a pena de Bolsonaro: "Ele tem que pagar"
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A visita do senhor marca o lançamento da unidade de radioterapia em Itabira com recursos do PAC. Existe a previsão de outros recursos na saúde para Minas Gerais?
Olha, só para você ter noção das coisas que estão acontecendo aqui em Minas Gerais: quando eu cheguei na Presidência da República, o Mais Médicos em Minas Gerais tinha apenas 1.105 médicos. Hoje nós temos 2.300 médicos. Foram 119% de aumento na quantidade de médicos trabalhando aqui no estado. Por que isso? Porque não é possível que as pessoas morram porque não têm o atendimento médico. E, quando eles acabaram com o Mais Médicos no governo passado, deixaram o povo das cidades menores, do interior, abandonado, povo que muitas vezes tem que pegar ônibus sem ter dinheiro para andar 200 quilômetros para ir ao médico. Então nós resolvemos colocar as coisas no lugar. As pessoas têm que ter médico. Além disso, nós estamos anunciando já há um mês e meio, dois meses, que estamos trabalhando muito forte com o Mais Especialistas. Ou seja, o que nós queremos é que o povo brasileiro, ao fazer a primeira consulta e detectar que tem uma doença mais grave, que ele tenha segunda consulta imediatamente, que ele não fique esperando 11 meses, 12 meses, 13 meses, às vezes morre sem ter a segunda consulta. O povo pobre tem que ser tratado com respeito que é tratado qualquer pessoa nesse país. Se o rico tem direito, o pobre tem que ter direito. Se o presidente tem direito, o pobre tem que ter direito. Então, o que nós estamos fazendo com o Mais Especialistas, nós já temos mais de 100 caminhões andando por este país para fazer mamografia, tomografia, para fazer todo e qualquer tipo de imagem que a mulher precisa que seja feito, que o homem precisa que seja feito. Da mesma forma, nós estamos com 800 ambulâncias formadas em gabinetes odontológicos, andando pelo interior do país para que a gente possa fazer tratamento de canal, obturação, que a gente possa fazer prótese se for necessário, na hora. Não é como antigamente. E além do Farmácia Popular, que entrega de graça 41 tipos de remédio que as pessoas têm uso contínuo. Então, aqui em Minas Gerais, as coisas estão indo bem.
O outro compromisso do senhor em Minas é a participação na Caravana Federativa. Como é que as cidades mineiras podem ser beneficiadas por essa iniciativa?
A Caravana Federativa foi uma invenção que nós tivemos e o Padilha começou a executar como ministro-chefe das Relações Institucionais.É a aproximação dos prefeitos e dos governadores com as obras públicas e com as coisas que os ministros estão fazendo em cada cidade. Nós estamos agora fazendo uma exposição, tem vários ministérios, tem a Caixa Econômica, talvez tenha o Banco do Brasil, às vezes está o BNDES e aí por volta de 1.500 pessoas vão participar ou 2.000 pessoas. Tem várias prefeituras, as pessoas vêm, reclamam, às vezes fazem um novo pedido, às vezes um novo contrato, ou seja, é efetivamente um mutirão, um mutirão de democracia. É o governo federal se dirigindo às capitais dos estados, juntando todas as cidades e todos os entes federados que têm alguma coisa a ver com o governo, para que a gente faça uma aproximação, para que a gente se conheça melhor, para que a gente ajuste aquilo que precisa ser ajustado.
Sobre o cenário político em Minas: o senador Rodrigo Pacheco já deu sinais de que não vai se candidatar ao governo. A prefeita de Contagem, Marília Campos, falou recentemente que o foco dela é o Senado. Então, como é que fica a questão da esquerda, da centro-esquerda? Quem seria um nome, na avaliação do senhor, para a disputa do governo?
Você já deve ter ouvido muitas vezes da tua mãe, do teu pai, que a esperança é a última que morre. Eu, sinceramente, quando comecei a alimentar na minha cabeça e comecei tentar alimentar o companheiro Pacheco da importância de ele ser candidato ao governo do estado, é porque eu aprendi a gostar do Pacheco. Acho o Pacheco uma pessoa extremamente competente e acho que ele hoje é a maior personalidade pública de Minas. E, portanto, ele está talhado para assumir essa tarefa. Ou seja, eu até disse para o Pacheco: ‘cara, eu tô te pedindo para você me ajudar a ganhar as eleições para o presidente da República. Você será governador do segundo estado mais importante do Brasil. Você pode fazer a diferença nesse processo eleitoral’. Ele relutou, relutou, mas ele pensa que eu desisti, eu não desisti. Eu não desisti. Temos todo o tempo do mundo ainda.
O ex-prefeito Alexandre Kalil (PDT) seria um nome para o senhor?
Veja, nós temos o Kalil, que eu já apoiei aqui na eleição passada. Nós temos agora o Tadeuzinho (deputado Tadeu Leite, do MDB, presidente da ALMG). Nós temos duas prefeitas importantes, em Juiz de Fora (Margarida Salomão) e Contagem (Marília Campos). E nós temos ministros aqui, nós temos deputados aqui, ou seja, eu não tenho pressa. Quem tem pressa come cru. Vou esperar o tempo passar. Eu ainda quero que o Pacheco esteja ouvindo essa entrevista, que eu não perdi a esperança de que ele seja candidato a governador. Na hora que chegar o momento de decidir, se ele não quiser mesmo, nós vamos tentar trabalhar outras pessoas. E vamos encontrar um candidato aqui para governar Minas Gerais de verdade.
Como o senhor viu a aprovação do PL da dosimetria das penas aos condenados pelos atos antidemocráticos?
Eu não gosto de dar palpite numa coisa que não diz respeito ao Poder Executivo. É uma coisa pertinente ao Poder Legislativo, eles estão discutindo, tem gente que não concorda. Ele foi condenado a 27 anos e 3 meses de cadeia porque tentou fazer uma coisa muito grave, ele não fez brincadeira. Ele tinha um plano arquitetado para me matar, matar o Alckmin, o Alexandre de Moraes. Ele tinha um plano para explodir um caminhão no aeroporto de Brasília, e ele tinha um plano de sequestrar o poder, já que ele perdeu as eleições. Então, veja, a discussão agora vai para o Senado. Vamos ver o que vai acontecer. Quando chegar na minha mesa, eu tomarei a decisão. Tomarei eu e Deus, sentado na minha mesa, a decisão. Eu farei aquilo que entender que deva ser feito. Porque ele tem que pagar pela tentativa de golpe, pela tentativa de destruir a democracia. Ele sabe disso. Não adianta ficar choramingando agora. Se ele tivesse a postura que eu tive quando perdi três eleições, se ele tivesse a postura que teve o PSDB teve quando perdeu três eleições, se ele tivesse a postura de todo mundo que é democrático e que respeita as instituições, ele não estaria preso. Poderia estar concorrendo agora às eleições. Mas ele tentou encurtar caminho, tentou convencer alguns militares, que também estão presos, e deu nisso que deu. Então agora é o seguinte: deixa o Poder Legislativo se manifestar. Quando chegar na mesa do Poder Executivo, eu vou tomar minha decisão.
Como o senhor vê a pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro à Presidência? Ele seria um candidato mais forte ou mais fraco que o pai?
Olha, deixa te dizer uma coisa, com a minha pouca experiência em eleição neste país: a gente não escolhe candidato. A gente não escolhe adversário. Eu vejo toda hora Caiado, eu vejo toda hora Tarcísio, toda hora Ratinho, toda hora Flávio, Michelle, Eduardo, Bolsonaro, toda hora um monte de nomes. Ou seja, quem inventa muito nome é porque não tem nenhum. Eles estão em dúvida porque sabem que perderão as eleições em 2026. Eles perderão. Nós passamos dois anos para reconstruir este país. Este ano é o ano da colheita. Nós estamos colhendo a melhor política de inclusão social que este país já teve. E o ano que vem será o ano da verdade, em que o país vai se dar conta do que está acontecendo neste país. Nós temos a menor inflação em quatro anos da história do Brasil. Nós temos o maior aumento da massa salarial da história do Brasil. Nós temos o menor desemprego da história do Brasil. O salário mínimo está aumentando acima da inflação todo ano. E nós ainda fizemos o Imposto de Renda, ninguém paga mais quem ganha até R$ 5 mil, e quem ganha até R$ 7.300 vai pagar menos. Nós criamos o Luz do Povo, (programa) que quem consome até 80 kW não paga nada e quem consome até 120 paga apenas a diferença. Nós criamos o gás do povo para que as pessoas que ganham menos recebam o gás. Serão quase 17 milhões de família que vão receber gás de graça a partir de agora. E nós estamos fazendo o Mais Especialistas. Nós criamos o Pé de Meia, nós melhoramos o Bolsa Família, ou seja, nunca houve a quantidade de crédito que tem havido para pequeno, médio produtor e pequeno empreendedor. E este país está dando certo. Você lembra qual foi a última vez que este país cresceu acima de 3%? Foi quando eu era o presidente da República em 2010. De lá para cá ele só voltou a crescer acima de 3% quando eu votei para a Presidência da República. Eu consigo fazer este país dar certo, e depois não deu certo na mão de ninguém. Veja, nós tínhamos acabado com a fome em 2014, reconhecido pela FAO, que é o órgão da ONU que cuida da fome. Quando eu votei em 2015 tinha 33 milhões de pessoas passando fome. Em dois anos e meio nós acabamos com a fome outra vez. Nós vamos entregar este ano a contratação de 2 milhões de casas do Minha Casa, Minha Vida, coisa que tinha parado. Nós encontramos habitação que começou em 2013 e estava paralisada, quase 6 mil creches estavam paralisadas, escolas, uma vergonha porque este país não foi governado, este país foi abandonado nos últimos 4 anos (antes do governo petista). Por isso é que morreram 700 mil pessoas com Covid. Porque se tivesse um presidente que tivesse responsabilidade, teria evitado dois terços dessas mortes.