Com a execução da pena de 27 anos e 3 meses imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o Brasil teve 10 ex-presidentes presos.

Bolsonaro começou a cumprir a pena na última terça-feira (25/11), depois que o STF decidiu encerrar o processo que condenou o ex-presidente a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros crimes. Ele já está preso desde o último sábado (22/11), quando foi levado pela Polícia Federal em prisão preventiva, por ter danificado a tornozeleira eletrônica.

Além de Bolsonaro, nos últimos sete anos, outros três ex-presidentes brasileiros foram presos: Fernando Collor, Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer. No entanto, a história registra uma longa lista de chefes de Estado que enfrentaram a detenção, por motivos que vão de crises políticas no início do século 20 a escândalos de corrupção.

Ao todo, 10 ex-presidentes já foram presos ou submetidos a confinamento compulsório. Os primeiros casos ocorreram ainda durante a República Velha, muitas vezes ligados a disputas de poder e levantes militares que marcaram o período. Saiba mais sobre cada um.

República Velha e Era Vargas

O marechal Hermes da Fonseca, oitavo presidente do país (1910-1914), foi detido em 1922. A prisão ocorreu após um embate com o então governo de Epitácio Pessoa por conta de intervenções políticas nos estados, o que culminou no fechamento do Clube Militar, presidido por ele. O episódio foi o estopim para a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana.

Washington Luís, que governou de 1926 a 1930, foi preso ao ser deposto pelo golpe que levou Getúlio Vargas ao poder. Ele foi conduzido ao Forte de Copacabana e, depois de liberado, partiu para o exílio na Europa, retornando ao Brasil apenas após o fim da ditadura de Vargas.

Outro alvo do governo Vargas foi Artur Bernardes (1922-1926). Em 1932, ele foi preso por apoiar a Revolução Constitucionalista de São Paulo. Detido em sua fazenda em Minas Gerais, Bernardes foi enviado para o exílio em Portugal, onde permaneceu por um ano e meio.

Vice de Getúlio, Café Filho assumiu a presidência em 1954 após o suicídio do titular. Um ano depois, afastou-se por problemas de saúde e, ao tentar retornar, foi impedido por militares que garantiam a posse de Juscelino Kubitschek. Ele ficou em prisão domiciliar até a renúncia ser confirmada.

Ditadura Militar

Durante o regime militar, dois ex-presidentes foram detidos. Juscelino Kubitschek (1956-1961), que teve seus direitos políticos cassados em 1964, foi preso em dezembro de 1968, no mesmo dia da decretação do AI-5. Ele ficou detido por 27 dias em um quartel.

Jânio Quadros (1961) não foi formalmente preso, mas confinado por 120 dias em Corumbá (MS), também em 1968. A punição foi motivada por críticas feitas por ele ao regime militar.

Já no período democrático, Fernando Collor foi condenado pelo STF a oito anos e 10 meses de prisão em 2023, por corrupção e lavagem de dinheiro em um esquema na BR Distribuidora. Ele ficou preso em Maceió (AL), até maio de 2025, quando passou a cumprir prisão domiciliar, sob a justificativa de problemas de saúde crônicos como apneia do sono, doença de Parkinson e transtorno afetivo bipolar, além de sua idade avançada (75 anos).

Redemocratização

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por sua vez, foi preso em abril de 2018 no âmbito da Operação Lava Jato, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. Ele foi condenado em 2017, pelo então juiz Sérgio Moro com pena de 9 anos e 6 meses de prisão, posteriormente aumentada para 12 anos e 1 mês. Lula permaneceu 580 dias na sede da Polícia Federal em Curitiba.

Em 2019, após o Supremo Tribunal Federal mudar seu entendimento sobre a prisão após condenação em segunda instância, Lula foi solto e passou a responder aos processos em liberdade, Em 2021, o STF anulou as condenações ao entender que Sergio Moro agiu com parcialidade e não tinha competência legal para julgar Lula. Com isso, Lula pôde disputar as eleições de 2022, a qual venceu.

Michel Temer foi preso preventivamente duas vezes em 2019 - ambas em São Paulo, também pela Lava Jato. As detenções foram baseadas em investigações sobre esquemas de corrupção na construção da usina de Angra 3. Pouco tempo depois, o ex-presidente foi solto e a prisão, substituída por medidas cautelares.

Na primeira prisão, o juiz Marcelo Bretas apontou que o ex-presidente chefiava uma organização criminosa. O Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro acusou o grupo chefiado pelo político de ter recebido R$ 1,8 bilhão em propina, além de tentar atrapalhar as investigações, monitorando agentes da Polícia Federal.

A prisão ocorreu 79 dias depois que ele deixou a presidência da República, perdendo o foro privilegiado. Temer foi solto quatro dias depois, por conta de um habeas corpus.

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Um mês e meio depois, ele teve a prisão preventiva decretada novamente, por conta da mesma operação. Ele foi solto menos de uma semana depois, por conta de um habeas corpus.

Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.

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