Nikolas Ferreira, Carla Zambelli e Flávio Bolsonaro são alguns dos parlamentares que criticaram o posicionamento do governo federal  -  (crédito: Mário Agra/Câmara dos Deputados/Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados/Geraldo Magela/Agência Senado)

Nikolas Ferreira, Carla Zambelli e Flávio Bolsonaro são alguns dos parlamentares que criticaram o posicionamento do governo federal

crédito: Mário Agra/Câmara dos Deputados/Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados/Geraldo Magela/Agência Senado

Políticos da oposição cobram um posicionamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre os ataques do Irã contra Israel. De acordo com as Forças de Defesa de Israel (IDF), o Irã lançou centenas de drones aéreos e mísseis contra Israel, nesse sábado (13/4), em uma região já afetada em razão da guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas, na Faixa de Gaza. 

 


Até o momento, o único posicionamento do governo federal expressava "grave preocupação" com o conflito (leia o posicionamento do governo federal abaixo). No entanto, parlamentares se sentem incomodados pela falta de condenação à ação do Irã. O posicionamento do Executivo foi publicado em nota pelo Itamaraty, na noite desse sábado, e se tornou alvo de críticas de políticos da oposição.

 

O descontentamento dos políticos à reação do governo brasileiro deve se tornar mais um motivo de tensão entre o governo federal e os bolsonaristas em relação ao conflito entre Israel e o Irã. Do lado governista, o assunto é pouco comentado. 

 

Até a manhã deste domingo (14/4), o único integrante do alto escalão governo federal a se pronunciar sobre o conflito foi o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, que condenou os ataques iranianos e, ao mesmo tempo, pediu o fim aos ataques à Gaza por parte dos israelenses.

 

"Condenamos o ataque do Irã sobre Israel. Queremos paz no Oriente Médio. Exigimos o fim dos ataques à Gaza por parte de Israel. Evidentemente, ao condenar o ataque do Irã a Israel, condenamos igualmente o ataque de Israel à embaixada iraniana na Síria. O mundo precisa ajudar a evitar a presente escalada bélica no Oriente Médio", disse o ministro.

 

"Esperando que o governo brasileiro condene os ataques iranianos a Israel. Infelizmente não é algo fácil pra eles, pois não apoiaram a investigação da ONU contra o Irã por violação dos direitos das mulheres", escreveu o deputado federal Nikolas Ferreira, no X (antigo Twitter), na noite desse sábado (13/4).

 

A deputado federal Carla Zambelli (PL-SP) também cobrou diversas vezes um posicionamento do presidente Lula e ainda relembrou o pedido de impeachment contra o petista, proposta apresentada por ela em fevereiro. O pedido está relacionado a uma fala do presidente Lula, que comparou as ações de Israel contra palestinos com o Holocausto nazista contra os judeus.


 

Zambelli ainda subiu o tom chamando o presidente de "psicopata" e criticou o posicionamento do Itamaraty, o qual ela disse que não era "condizente" com o ocorrido.

 

"Agora, mais do que nunca, precisamos voltar a tratar do impeachment do lula, pelas suas falas contra Israel. O perigo de guerra que ele trouxe ao Brasil está mais sério do que nunca. Da forma como ele é psicopata, não duvido ele querer ajudar Irã nessa insanidade", disse Zambelli, no X (antigo Twitter), na noite desse sábado.

 

"No aguardo de uma posição do Itamaraty, que seja condizente com o merecido repúdio dessa ação iraniana contra Israel. Mais uma vez, lula silencia diante de atos de seus aliados", completou, em outra publicação.

 

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado estadual Bruno Engler (PL-MG) também questionaram o posicionamento do Itamaraty em relação ao conflito. "O governo brasileiro vai condenar o Irã?", questionou Bruno Engler. "O Brasil não condenou o Irã pelos ataques. E no fundo poço tinha um alçapão!", disse Flávio Bolsonaro ao compartilhar o posicionamento do Itamaraty.

 

 

Entenda o conflito Irã x Israel

 

De acordo com as Forças de Defesa de Israel (IDF), o irã lançou centenas de drones aéreos e mísseis contra Israel neste fim de semana. Foi a primeira vez que o Irã realizou um ataque direto contra o território de Israel.

 

Segundo os militares israelenses, Israel e outros países interceptaram mais de 300 mísseis e drones, a maioria fora do espaço aéreo israelense.

 

 

Os israelenses também afirmam que pouco dano foi causado, mas ressaltou que as pessoas devem permanecer em alerta.

 

Posicionamento do governo federal 

 

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que governo brasileiro manifesta "grave preocupação" com relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel.

 

De acordo com a nota, a ação militar deixou em alerta países vizinhos e exige que a comunidade internacional mobilize esforços para evitar um escalada no conflito.

 

Confira a íntegra da nota:


"Governo brasileiro acompanha, com grave preocupação, relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel, deixando em alerta países vizinhos como Jordânia e Síria.

Desde o início do conflito em curso na Faixa de Gaza, o Governo brasileiro vem alertando sobre o potencial destrutivo do alastramento das hostilidades à Cisjordânia e para outros países, como Líbano, Síria, Iêmen e, agora, o Irã.

O Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada.

O Governo brasileiro recomenda que não sejam realizadas viagens não essenciais à região e que os nacionais que já estejam naqueles países sigam as orientações divulgadas nos sítios eletrônicos e mídias sociais das embaixadas brasileiras.

O Itamaraty vem monitorando a situação dos brasileiros na região, em particular em Israel, Palestina e Líbano desde outubro passado."