O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, avaliou que as investigações da Polícia Federal (PF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) colheram elementos “muito convincentes” e tiveram avanços significativos. As declarações foram dadas nesta terça-feira (19/3) após evento da Esfera Brasil, em Brasília.

 

"Eu, como observador da cena há muito tempo, raramente a gente teve avanços tão significativos. Saímos de especulações para provas. Assistindo àquilo que vocês [imprensa] têm divulgado, mais do que as coisas que leio no tribunal a propósito daquela reunião em que os ministros militares falaram, Augusto Heleno do GSI, Paulo Sérgio da Defesa, fico admirado com os dados que a Polícia Federal conseguiu obter. São de fato muito convincentes de que algo de muito ruim estava em marcha", disse.

 



 

O magistrado fez referência à reunião entre o então presidente Bolsonaro e seus ministros, em julho de 2022, quando os membros militares do governo sinalizaram para uma trama golpista. O encontro foi divulgado no dia 8 de fevereiro, quando o ex-presidente e seu entorno foram alvos de operação da PF.

 

 

Bolsonaro teve o passaporte apreendido e foi impedido de deixar o Brasil. Alguns aliados de primeira ordem foram presos preventivamente. Quase 30 pessoas precisaram prestar depoimento à PF sobre a formação de uma organização criminosa que objetivava um golpe de Estado.

 

O ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, afirmou que Bolsonaro convocou reuniões com a cúpula das Forças Armadas para tentar anular o pleito que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O então chefe da força terrestre e o comandante da Força Aérea Brasileira, tenente-brigadeiro do Ar Baptista Junior, teriam negado apoio a intentona golpista, deixando o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, isolado no apoio ao movimento.

 

Vacinação

 

Nesta terça-feira (19/3), a PF concluiu a investigação sobre o esquema de falsificação do cartão de vacina de Bolsonaro, indiciando o ex-presidente e 16 aliados, apontando para os crimes de inserção de dados falsos em sistema público e associação criminosa. As penas podem variar entre 1 a 12 anos e multa.

 

Sobre os indiciamentos, Gilmar Mendes afirmou que “está tudo dentro da normalidade”. “A Justiça tem todos os seus procedimentos e é bom que assim o seja. Que se tenha direito ao contraditório e à defesa”, disse o decano do STF.

 

O relatório agora será enviado à Procuradoria-Geral da República, que decidirá se há elementos suficientes para apresentar uma denúncia à Justiça. Pelas redes sociais, o advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten, classificou o indiciamento como um “absurdo” e “perseguição política”.

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