O projeto de Lula continua o mesmo, mas a realidade econômica e social não -  (crédito: Quinho)

O projeto de Lula continua o mesmo, mas a realidade econômica e social não

crédito: Quinho

O presidente Lula (PT) tem perdido popularidade e isso nada tem a ver com posicionamentos sobre Israel, hoje, um país isolado no cenário externo. São brutais as imagens de crianças e mulheres massacradas, despedaçadas, enterradas em escombros e agora morrendo de fome que rodam a internet. Não à toa, a ONU determinou o cessar-fogo. Lula anda perdendo prestígio por razões distintas. O presidente sempre se apoiou no voto de esquerda e de setores democráticos e populares para vencer as eleições.

 

Mas a despeito de alguns programas sociais que esboça, Lula fez mesmo foi a festa dos grupos dominantes da sociedade. Segue agora com a sua política econômica tradicional, capitaneada por Fernando Haddad e tendo à frente do Banco Central, o “bolsonarista” Roberto Campos Neto. Os ganhos de qualquer crescimento econômico não atingem os mais vulneráveis na cadeia social.

 

 

As políticas sociais de Lula, que eram interessantes no início deste século, como o Bolsa Família, seguem importantes, mas hoje nem sequer trazem os direitos autorais na cabeça dos segmentos que dela se beneficiam. Na sociedade tecnofeudal, a concentração e centralização de renda se produzem em velocidade exponencial em relação ao incipiente Welfare State, que caracterizava Lula I e II. O projeto de Lula continua o mesmo, mas a realidade econômica e social não.

 

Lula ainda se cerca de ministros e “pensadores”, em sua maioria, sem a dimensão de tal mudança qualitativa na vida pública. Um exemplo é o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Sílvio Almeida. Enquanto a segurança dos cidadãos mais humildes é estupidamente desrespeitada por milícias, polícias e o crime organizado, o ministro nada vê, nada fala. Sílvio Almeida teve recusado por Lula a ideia do Museu da Memória da Ditadura e dos Direitos Humanos e pior, chegamos aos 60 anos do golpe militar sem qualquer manifestação oficial sobre o 31 de março (ou será 1º de abril?).

 

Em vez disso, Janja e o presidente “batizam” com os almirantes o novo submarino Tonelero. A batalha pela extrema direita com os guardas da esquina, Tarcísio de Freitas matou no peito: a sua operação de extermínio chegou a 55 vítimas e, esta semana, a última foi uma mulher de 31 anos, mãe de seis filhos. O ministro de Direitos Humanos engoliu em seco os sapos – de Lula e de Tarcísio.

 

 

Se por um lado o governo distribui alegria entre aqueles que perderam as últimas eleições, entre os que ganharam, cresce o clima de revolta. Os trabalhadores e os seus baixos salários continuam a ver literalmente submarinos, digo navios. Já o MST, passou por 2023, pior ano em termos de distribuição de terras. O bolo cresce, mas a distribuição dele...

 

O ministro das Comunicações, Paulo Pimenta, anuncia dois novos eixos de campanhas públicas bem ao sabor do presidente Feliz Inácio da Silva. “Bota fé no Brasil” para “dialogar” com os neopentecostais. Lula adorou. Tudo em nome da conciliação nacional. Isso obviamente não impediu Silas Malafaia de distribuir bofetadas no STF e no TSE. Enquanto Bolsonaro ensaiou fuga pela embaixada da Hungria.

 

A fúria do bolsonarismo e do neopentecostalismo corre solta nas redes sociais. Lula e as instituições democráticas continuam achando que se combate neonazistas empoderados pelas big techs com agrados. Em breve conhecerão a verdade. Certo é que esta não os libertará.

 

 

Em tempo, vale perguntar: quem vai se mobilizar por um governo que se elegeu prometendo picanha na mesa do trabalhador, mas oferece salmão é para o patrão e os amigos dele? Lula sonha com um Brasil Unido, Grande e Feliz. Um dia, também os militares tiveram esse sonho. Ainda que os métodos divirjam, o pesadelo pode ser o mesmo.

 

Canções sertanejas...

 

No contexto da ampla pesquisa e bibliografia produzida sobre a ditatura militar, poucos se dedicaram ao estudo do cancioneiro sertanejo. Nesse período compreendido entre 1964 e 1985, um projeto de Brasil rural foi executado, em detrimento da perspectiva da reforma agrária, proposta por João Goulart, contemplada pelo Estatuto da Terra; pelo Plano de Integração Nacional e o Programa de Redistribuição de Terras e Estímulo à Agroindústria do norte e Nordeste (Proterra). A canção sertaneja articulou, em parte de seu repertório, a multiplicidade de vozes e interesses dispostos em torno dos dois projetos para o campo, em disputa desde as décadas de 1940 e 1950. “Canção sertaneja e política agrária durante a ditadura militar” (Editora UFMG), da historiadora Marcela Telles Elian de Lima, é estudo pioneiro: apresenta o debate político do período, a partir das narrativas sertanejas.


...na ditadura

 

Segundo Marcela Telles Elian de Lima, com a inflexão brusca na política agrária após o golpe, agora focada no latifúndio agroexportador, os artistas sertanejos observaram as novas conexões sociais, políticas e geográficas e as apresentaram sob diferentes perspectivas. “Souberam captar a espera por direitos e pela terra a ser dividida entre os trabalhadores rurais, durante a execução de um projeto comprometido com a instalação do latifúndio agroexportador”, afirma a historiadora. “Esperar e lembrar”, diz a autora, são os dois verbos em torno dos quais as canções sertanejas atravessaram as diferentes camadas da sociedade rural: de um lado, era a espera dos pobres pela posse da terra e, do outro, dos grandes investidores rurais pela sustentação dos seus interesses.

 


Grupo de Gabriel

 

Com o fechamento da janela partidária na próxima sexta-feira, os 14 vereadores do grupo de Gabriel Azevedo (MDB) foram acomodados em cinco legendas. Cinco estarão no Republicanos: bispo Fernando Luiz (ex-PSD), Ramon Bibiano (ex-PSD), Irlan Melo (ex-PRD), Ciro Pereira (ex-PRD), e Jorge Santos (já estava no Republicanos e lá permanece). Quatro estarão no MDB: Henrique Braga (ex-PSDB); Loíde Gonçalves (ex-Podemos); Cleiton Xavier (ex-PMN) e Sérgio Fernando (ex-PL).


Chapas

 

São chapas formadas com vereadores com potencial para superar 20% do quociente eleitoral – algo em torno de 5.500 votos – que disputam cadeiras pelo sistema de quociente partidário e, na segunda rodada, pelo sistema de média e cláusula de desempenho. Os três parlamentares do Novo, Marcela Trópia, Bráulio Lara e Fernanda Altoé seguem lá; assim como Álvaro Damião, fica no União. Para o PSB irão Nara e Gilson Guimarães, ambos da Rede.


Família Aro

 

O secretário de estado da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), ainda não fechou a movimentação de seu grupo, mas este tende a ser acomodado em cinco legendas. São oito vereadores e o ex-vereador Wesley Moreira, cassado pela fraude à cota de gênero de seu antigo partido o Pros. A vereadora Professora Marli (PP), mãe de Marcelo Aro, poderá ser a única a permanecer no PP. Presidido em Minas pela deputada federal Nely Aquino, o Podemos deverá receber os vereadores José Ferreira (ex-PP), Rubão (ex-PP); Wilsinho da Tabu (ex-PP); e Juliano Lopes (ex-Agir). No Podemos também estará Christian Aquino, filho de Nely Aquino, que estreará na política. No Democracia Cristã devem filiar-se Marcos Crispim (atualmente Podemos) e Flávia Borja (atualmente no PP). Cláudio do Mundo Novo (ex-PSD), ligado ao deputado federal Eros Biondini (PL), migrou para o PL. Wesley Moreira, agora sem mandato, deverá filiar-se ao PMN.