O ex-policial militar Ronnie Lessa afirmou que foi contratado para matar a ex-presidente da escola de samba Salgueiro, Regina Celi Fernandes Duran -  (crédito: Reprodução/Redes sociais)

O ex-policial militar Ronnie Lessa afirmou que foi contratado para matar a ex-presidente da escola de samba Salgueiro, Regina Celi Fernandes Duran

crédito: Reprodução/Redes sociais

Em delação homologada pelo Supremo Tribunal Federal, o ex-policial militar Ronnie Lessa afirmou que foi contratado para matar a ex-presidente da escola de samba Salgueiro, Regina Celi Fernandes Duran. A ordem para o assassinato teria partido pelo bicheiro Bernardo Bello, que está foragido.

 

 

 

Regina seria morta em 14 de fevereiro de 2018, data em que foi realizada a apuração dos resultados do desfile das escolas do grupo especial do Carnaval carioca. No entanto, o assassinato não foi cometido. Não há informações, no relatório, do motivo da morte não ter sido concretizada. 

 

 

O caminho da contratação do crime

 

A ordem de Bernardo foi repassada a Ronnie Lessa pelo sargento reformado da Polícia Militar Edmilson da Silva de Oliveira, mais conhecido como Macalé — morto em 2021.

 

"Segundo Ronnie, essa tarefa lhe foi apresentada por Macalé, tendo em vista que esse auferia o valor de R$ 50.000,00 mensais de Bernardo Bello e não tinha como negar um pedido seu. Lessa ainda ponderou dizendo que a empreitada em face de Marielle era mais rentável, mas Macalé o convenceu a aceitar e o levou para conversar com Bernardo", diz trecho do relatório da Polícia Federal, divulgado no domingo (24/3).

 

 

A motivação do assassinato de Regina seria a disputa pela presidência da escola de samba carioca. Regina assumiu a Presidência da Salgueiro em 2008, sucedendo o então marido Luis Augusto Duran, conhecido como Fú. Nas eleições de 2011, ela foi reeleita, desta vez concorrendo contra Fú. Na ocasião ela o venceu por uma margem apertada de votos. No pleito seguinte, Regina também venceu, tendo encabeçado uma chapa única.

 

Nas eleições de 2018, Regina novamente colocou-se como candidata ao pleito. A oposição, liderada pelo candidato André Vaz, protestou com a alegação de que a presidente estaria utilizando artifícios para se manter no cargo há 10 anos e que estaria concorrendo à sua terceira reeleição, o que seria vedado pelo estatuto da escola.

 

 

Regina foi reeleita em 6 de maio de 2018. No entanto, André ajuizou uma ação contra a candidatura na 2ª Vara Cível da Comarca da Capital/RJ. Sete meses depois, a Justiça determinou o afastamento de Regina do cargo e a realização de novo pleito, no qual André venceu.

 

Pesquisa de Lessa por Regina foi semelhante a de Marielle Franco

 

Após ser contratado para a execução, Ronnie Lessa pesquisou sobre a vida de Regina e de seus familiares. "Assim como no caso de Marielle Franco, em que o réu-colaborador pesquisou pela filha da vítima, Luyara Francisco dos Santos, foram encontradas pesquisas sobre os filhos de Regina Celi, de modo a revelar o seu real engajamento na missão, uma vez que a pesquisa por parentes constitui estratagema de apuração e aprofundamento sobre o alvo, especialmente endereços de interesse ao planejamento da investida fatal", cita trecho do relatório da PF.

 

 

"Outro aspecto relevante a ser destacado reside na data das pesquisas. O intervalo temporal que abarca as consultas, segundo semestre de 2017, demonstra que o interesse pela morte de Regina Celi teria surgido próximo ao fim de seu mandato. Justamente a poucos meses antes do pleito pela presidência da Acadêmicos do Salgueiro, que viria a ocorrer em maio de 2018", acrescenta o documento.

 

O Correio tenta contato com a Salgueiro, mas até a última atualização desta matéria o jornal não obteve retorno. O espaço permanece aberto para eventual manifestação.