Disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte segue aberta: possíveis candidatos comentam resultado de pesquisa eleitoral -  (crédito: PBH/Divulgação)

Disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte segue aberta: possíveis candidatos comentam resultado de pesquisa eleitoral

crédito: PBH/Divulgação

Os resultados da pesquisa realizada pelo Instituto Opus sob encomenda do Estado de Minas e divulgada nesta semana mostram que a ampla maioria dos eleitores da capital mineira ainda não se decidiu por um candidato. Segundo o resultado, os indecisos chegam a quase 90%. O EM conversou ontem com alguns dos nomes citados pelos moradores da cidade na pesquisa e mostra que também eles estão com uma série de indefinições. Há quem ainda não decidiu se vai concorrer e os que avaliam que possíveis alianças podem alterar o quadro até o início do registro das chapas.


Líder nos dois cenários estimulados de intenção de voto no primeiro turno e vencedor de todos os confrontos hipotéticos questionados para o segundo, o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) ainda não se lançou oficialmente como pré-candidato. O parlamentar, que também é apresentador de telejornal, foi escolhido por 16% e 21% dos respondentes da pesquisa nos dois contextos de primeiro turno. À reportagem ele comemorou os números, mas associou a decisão de se lançar como nome à Prefeitura de Belo Horizonte a uma decisão de seu partido.


“Eu avalio com grande satisfação pela seriedade da pesquisa e ao mesmo tempo me sinto com mais responsabilidade ainda junto a nossa sociedade de Belo Horizonte. Por essa confiança que depositam em mim e no meu trabalho. Só tenho a agradecer. Para uma possível pré-candidatura, o correto é seguir as ideias e diretrizes do nosso partido. Como eu sempre disse em todas as entrevistas ou conversas, sempre estou à disposição do Republicanos. Se for de interesse geral, pelo bem de BH, coloco sim, meu nome a disposição”, afirmou. Tramonte ainda afirma que não terá nenhuma vaidade ao pensar em construir alianças, caso não saia como candidato.


À direita, campo político em que se encontra o Republicanos, o senador Carlos Viana (Podemos) também surgiu nas pesquisas como forte concorrente. Ele é mais um com histórico no jornalismo, Viana surge na segunda e terceira colocações nos cenários de primeiro turno e vence todas suas disputas hipotéticas de segundo turno. Ao comentar a pesquisa, o senador afirma que tem sido interpelado nas ruas da capital sobre propostas para a cidade. Viana critica as últimas gestões municipais e afirma estar preocupado em contribuir com a discussão para melhorias urbanas.


“Eu tenho andado pelas ruas de BH e estou sendo parado em cada esquina com as pessoas me perguntando se eu realmente estou disposto a ser prefeito e o que eu desejo fazer para a cidade. A minha preocupação hoje é trazermos para o dia a dia um debate sobre o que está acontecendo na capital. Moradores de rua por todos os lados, a cidade escura, suja, não há um projeto de desenvolvimento. BH não é uma cidade que não se define mais nem como uma cidade cultural. Parou no tempo com prefeitos que tem uma visão apenas de negócio e não pensam política”, disse Viana.


Na liderança da pesquisa espontânea de intenção de voto, sendo lembrado por 4% dos respondentes, o atual prefeito Fuad Noman (PSD) foi procurado pela reportagem, mas preferiu não comentar os resultados.

A pesquisa EM/Opus foi registrada na Justiça Eleitoral sob o código MG-05905/2024. Os dados foram coletados nos dias 12 e 13 de março, ouvindo 600 eleitores de BH presencialmente e com uma margem de erro de 4,1 pontos percentuais.

 

Cenários projetados para a eleição de BH na pesquisa EM/Opus

Cenários projetados para a eleição de BH na pesquisa EM/Opus

Soraia Piva/EM/D.A. Press

Polarização


Enquanto a esquerda ainda está às voltas com a possibilidade de unificar os concorrentes em uma candidatura progressista com mais chances de vitória, o deputado estadual Bruno Engler (PL) está confiante no sucesso de sua intenção de atrair o eleitorado da direita. Nome ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao deputado federal Nikolas Ferreira (PL), o parlamentar ficou em terceiro e quarto lugares em intenção de voto nos dois cenários estimulados para primeiro turno na pesquisa EM/Opus.

Engler ficou em segundo lugar contra Alexandre Kalil (PSD) na eleição de 2020 e relembra a experiência para questionar a fiabilidade das pesquisas eleitorais. Ao ser questionado sobre o levantamento ter mostrado Bolsonaro com uma rejeição menor que a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em BH, o deputado se mostrou confiante em ser escolhido como o nome da direita na cidade.

“Eu tenho uma cautela muito grande com pesquisas, porque a gente tem uma experiência própria com pesquisas jogando nosso nome para baixo. Em 2020, o Ibope me colocou em quarto lugar e no domingo eu fui o segundo mais votado[...] Nossa campanha conta com apoio do Bolsonaro, do Nikolas, do Cleitinho (Republicanos) e, à medida que vamos nos aproximando da eleição, fica mais do que claro qual a candidatura da direita em BH. Esse eleitor vai caminhar conosco, os dados apontam uma margem muito boa para crescimento, essa glutinação do eleitor de direita em torno da nossa candidatura vai ocorrer de forma natural”, analisou.

Do outro lado, o deputado federal e vice-líder do governo na Câmara, Rogério Correia (PT) aposta no apoio de Lula como trunfo para ser o nome da esquerda na campanha. Neste contexto, ele fala sobre a unificação do campo progressista em torno de sua candidatura. Na pesquisa, o parlamentar aparece com 4% das intenções de voto nos dois cenários de primeiro turno e bate Engler por 25% a 21% em um hipotético segundo turno.

“Os dados demonstram como a candidatura já está em um processo de intensidade maior (por ter sido o único nome do campo progressista a aparecer na pesquisa espontânea). No segundo turno, eu apareço à frente do atual prefeito e também do Engler, o que mostra que somos a candidatura capaz de derrotar a ultradireita em BH. Ser o candidato apoiado por Lula aumenta ainda mais as chances de conseguir a vitória. Vamos trabalhar para buscar as alianças e garantir a unidade desse campo é muito importante para derrotar o bolsonarismo”, disse à reportagem.

A deputada federal Duda Salabert (PDT) também pleiteia para si o protagonismo do campo progressista. Ex-vereadora da capital, ela atribui os resultados da pesquisa a seu trabalho no Legislativo municipal e federal e destacou não ter preocupações em disputar contra Engler. A parlamentar teve 8% e 4% das intenções de voto nos cenários de primeiro turno e também bate o deputado bolsonarista em um segundo turno por 26% a 22%.

“Estou pré-candidata porque o partido pediu para que eu colocasse meu nome à disposição e porque há um anseio popular. Minha preocupação não é fazer pré-campanha, mas políticas públicas para o Brasil e Minas Gerais. Essa pontuação está alinhada à história que tenho em BH. Em todas as pesquisas até agora divulgadas, não só somos o nome mais bem avaliado da esquerda, como o único nome com viabilidade eleitoral. Estamos dialogando com outros partidos progressistas para conseguir uma unidade [...] Ganho do Bruno Engler em qualquer disputa, seja para síndica ou para presidente. Acho que o nome dele nem será o indicado e o PL vai escolher o Nikolas. Não tenho nenhuma preocupação com o nome de Bruno Engler, até porque ele não tem proposta sólida para a cidade, não sabe discutir cidade”, destacou.

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Correm por fora

Com 2% das intenções de voto nos dois cenários estimulados de primeiro turno, o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo, se filiou ao MDB na semana passada e lançou sua pré-candidatura à prefeitura. Opositor de Fuad, o vereador se classifica como um concorrente moderado, mas radical na defesa de pontos como o transporte público da cidade, a limpeza da Lagoa da Pampulha e pessoas em situação de rua, todas pautas tratadas em Comissões Parlamentares de Inquérito no Legislativo Municipal. À reportagem, Azevedo afirma estar aberto a negociações para alianças políticas e se mostra confiante em melhorar nas próximas pesquisas, que serão realizadas após formalização de sua pré-candidatura.

“Estamos conversando com todos os partidos que queiram contribuir com um projeto para Belo Horizonte. Uma construção do tamanho que a cidade merece não se faz sozinho.[...] Ainda estamos a mais de seis meses das eleições. Muita água ainda vai rolar. Vejam quanto Célio de Castro marcava nessa mesma época quando se lançou… Meu nome é citado mesmo antes de eu ter definido como pré-candidato. Ou seja, significa que o belo-horizontino reconhece meu trabalho, sobretudo na Presidência da Câmara Municipal e no que diz respeito às melhorias no transporte público, que só foram possíveis graças à cobrança intensa do Poder Legislativo”, disse.

O deputado federal Pedro Aihara (PRD) tem 3% e 2% nos dois cenários estimulados para o primeiro turno. Notabilizado por seu trabalho no Corpo de Bombeiros nos trabalhos de resgate da Tragédia de Brumadinho, o parlamentar atribui a lembrança dos eleitores ao seu trabalho em Brasília e pretende trabalhar para tornar sua atuação mais conhecida entre os belo-horizontinos.

“A pesquisa mostra que o eleitor tem percebido que o deputado federal que mais tem se dedicado à cidade fui eu. Foram mais de R$ 29 milhões destinados pelo nosso mandato resolvendo problemas que mudam a vida da população. Só para a Santa Casa foram mais de 1,5 mi[...] a gente tem se preocupado com a nossa cidade, são mais de R$ 8 milhões só para a área de Segurança Pública. A população tem percebido quem realmente fez pela cidade e quem fica só de ‘bla bla bla’”, afirmou.