Nikolas Ferreira (PL-MG) levou a Comissão de Educação, com seu nome aprovado pelo placar de 22 a favor contra 15 votos em branco -  (crédito: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

Nikolas Ferreira (PL-MG) levou a Comissão de Educação, com seu nome aprovado pelo placar de 22 a favor contra 15 votos em branco

crédito: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Deputados considerados da ala radical do bolsonarismo foram eleitos presidentes de comissões estratégicas da Câmara. O PL, de Jair Bolsonaro, indicou para duas das principais comissões nomes de parlamentares que causaram irritação no PT — que tentou suspender e adiar a eleição — ao argumentar com direita para trocar as opções.

 

Para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a principal da Casa, foi eleita a deputada Carolina De Toni (PL-SC). Nikolas Ferreira (PL-MG) levou a Comissão de Educação, com o nome aprovado pelo placar nada folgado de 22 a favor contra 15 votos em branco. De Toni obteve 49 votos favoráveis e 9 em branco.

 

As escolhas partidárias se dão respeitando a proporcionalidade do tamanho das bancadas partidárias na casa. O PL, que tem o maior número de deputados (96), tem a preferência de escolher primeiro. O PT é o segundo, com 68 parlamentares, a fazer suas opções de comissão a dirigir. Na divisão das outras comissões, 30 ao todo, essas forças se equivalem. Os outros partidos dividem a direção dos outros colegiados.

Em reação a esses nomes indicados pelo PL, considerados da ala radical do partido, a base do governo suspendeu as nomeações de seus parlamentares, decisão que foi revista após reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O PL reagiu à oposição do PT aos seus indicados.

 

O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), vice-presidente da Câmara, informou que nenhum nome indicado pelo PL para qualquer comissão seria trocado. E não foi.

 

"Se o governo está incomodado com nossas indicações significa que acertamos no alvo. O governo que se vire. Não vamos trocar ninguém. De maneira alguma", sustentou Cavalcante.

Carolina De Toni e Nikolas Ferreira não foram as únicas indicações de desagrado do governo. Na Comissão de Segurança Pública, o eleito foi o deputado Alberto Fraga (PL-DF), um dos principais líderes da bancada da bala. O Pastor Eurico (PL-PE) foi o escolhido para presidir a Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família. Esse deputado foi o relator ano passado do projeto que veda casamento entre pessoas do mesmo sexo.

 

A nova presidente da CCJ afirmou ser natural que sejam pautados projetos de acordo com a ideologia de quem está no comando da comissão, mas garantiu que propostas de opositores também serão colocados em discussão e votação.

 

Na Comissão de Educação, os governistas fizeram duras críticas à indicação de Nikolas Ferreira, que não estava presente em razão de gozar da licença paternidade neste momento.

 

"Essa comissão vai escolher um deputado que é um disparate, que já foi condenado por homofobia e que ataca o sistema educacional", disse a deputada Dandara (PT-MG). O também petista Rogério Correia (MG) também condenou essa indicação do PL.

"A pauta dessa comissão será toda ideológica, com temas como questão de gênero, banheiro para meninos emeninas e a tal escola sem partido, algo ilegal. Além de ser, o deputado Nikolas, alguém que é contra a vacina", disse Correia.

 

No vídeo que encaminhou e foi exibido na comissão, após o resultado conhecido, Nikolas, num tom sereno, disse que fará uma gestão plural.

 

"Nossa pauta será bastante conceitual e propositiva. Nessa comissão, teremos audiências públicas e vamos fiscalizar a educação no atual governo. Vamos fazer uma comissão abrangente e plural. E vamos debater temas importantes para o país, como o Plano Nacional de Educação e debateremos outros, como o home schooling", disse o bolsonarista.