Deltan Dallagnol foi chefe da força-tarefa do Ministério Público -  (crédito: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

Deltan Dallagnol foi chefe da força-tarefa do Ministério Público

crédito: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Prestes a completar 10 anos desde a sua primeira operação deflagrada, a Lava-Jato permanece ao centro dos debates dos político. Até os dias de hoje, a atuação e os desdobramentos da operação levantam discussões sobe as investigações, em especial do ex-chefe da força-tarefa do Ministério Público Federal e ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo). 

A revista piauí teve acesso a 950 mil mensagens escritas por Deltan Dallagnol na época da operação em grupos do Telegram, apreendidas pela Operação Spoofing. De acordo com o veículo, após a leitura do material a conclusão é de que o ex-procurador tenha atuado por interesses próprios naquilo que julgava mais conveniente. Além de ter divulgado informações imprecisas. 

A reportagem também avalia que Dallagnol expandiu seus poderes para além de sua alçada e aproveitou de sua fama para obter vantagens pessoais. 

Dallagnol se tornou o procurador mais conhecido da operação. Responsável por apresentar a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2016, produziu um controverso PowerPoint sobre suspeitas contra o então o petista, pelo qual foi alvo de ação de indenização por danos morais. Na época, críticos já diziam que as alegações eram feitas com base em uma prioridade política. 

 

 

De acordo com o conteúdo analisado pelos profissionais da piauí, a impressão é de que Dallagnol começou a operação de um jeito, o do pregador da anticorrupção, mas acabou sendo dominado pela popularidade e pelo "jogo do poder". Ao todo, os profissionais analisaram, durante cinco meses, mais de 950 mil mensagens, recebidas ou enviadas pelo procurador entre maio de 2014 e abril de 2019.

 

"Por vezes, o procurador parece uma voz de equilíbrio e ponderação. Outras vezes, está abrasado por um espírito à Savonarola, próprio do moralista furioso da Florença renascentista. Na sua missão lavajatista, à exceção de sua fé religiosa que se manteve constante, Dallagnol começou de um jeito e acabou de outro. De início, era um pregador da anticorrupção, apenas. Aos poucos, sem abandonar seu papel de evangelizador da moralidade pública, rendeu-se aos encantos da popularidade e entregou-se às seduções do mundo que combatia – o jogo do poder, a política partidária, as palestras remuneradas. No curso dessa trajetória singular, Dallagnol, segundo mostram as centenas de milhares de mensagens no Telegram, aparelhou o Ministério Público Federal no Paraná para os interesses que julgava mais convenientes, divulgou informações imprecisas, expandiu seus poderes para além de sua alçada e, uma vez convertido em estrela nacional do combate à corrupção, aproveitou sua fama para obter vantagens pessoais. E, em 2022, num desfecho melancólico, foi condenado a indenizar Lula em 75 mil reais pelos ataques à honra do atual presidente na coletiva do PowerPoint", diz trecho da reportagem da revista piauí.