Chanceler da Noruega, Espen Barth Eide -  (crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Chanceler da Noruega, Espen Barth Eide

crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O chanceler da Noruega, Espen Barth Eide, afirmou que não há nada comparável ao Holocausto. A declaração foi dada a jornalistas ao final do primeiro dia do encontro dos chefes da diplomacia do G20, nesta quarta-feira (21). 

Eide foi questionado a respeito da fala do presidente Lula (PT) em que comparou os ataques de Israel na Faixa de Gaza com o genocídio cometido pelos nazistas contra os judeus na Segunda Guerra Mundial. 

"Pessoalmente, estou muito preocupado com a situação em Gaza, mas não acho que seja uma boa ideia compará-la ao Holocausto. Foi uma experiência única em que 6 milhões de pessoas foram mortas numa tentativa de matar todos os judeus. Não há nada comparável", disse Eide. "Nós devemos, como humanidade, lembrar que não há nada que se supere [ao Holocausto]".

 

A declaração do chefe da diplomacia da Noruega vai ao encontro da posição do secretário de Estado americano, Antony Blinken, de que não é possível comparar a situação de Gaza à perseguição sistemática de judeus durante a última grande guerra. 

Em encontro com Lula, o representante dos Estados Unidos disse que discordava da declaração do brasileiro e afirmou que não vê um genocídio acontecendo no território palestino --e contou uma história pessoal ao brasileiro, sobre seu padrasto que foi um sobrevivente de Auschwitz. 

Desde o início do conflito, após o ataque terrorista do Hamas a civis israelense, em outubro, cerca de 30 mil palestinos foram mortos em ofensivas de Israel contra Gaza. 

O chanceler norueguês evitou caracterizar os ataques do governo de Binyamin Netanyahu ao território palestino como uma ação genocida. Eide afirmou que é preciso aguardar a ação que corre no Tribunal Penal Internacional que investiga a acusação de genocídio praticado por Israel contra o povo palestino. 

"O que aprendemos da Segunda Guerra Mundial é que devemos criar regras para prevenir genocídios. Penso que nós, políticos, deveríamos respeitar a independência do sistema jurídico e também do sistema jurídico internacional e deixá-los decidir se houve ou não violações da convenção da Convenção do Genocídio", argumentou o norueguês. 

Embora a Noruega não seja membro do G20, o país nórdico foi convidado pelo Brasil, que está com a presidência rotativa do grupo, para participar do fórum este ano. Eide afirmou que, durante a reunião desta quarta, há um consenso entre os participantes de que é necessário uma solução de dois Estados, isto é, que envolva a criação de um Estado palestino. 

O chanceler, contudo, afirmou que não há um caminho claro ainda para isso. Ele aponta que uma das alternativas já discutidas à mesa é o fortalecimento da Autoridade Nacional Palestina e da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), que hoje é comandada pelo Fatah. 

"Uma coisa é dizer que quer dar início à solução, outra é saber como chegar lá", disse o norueguês, pontuando que haveria uma recusa majoritária da criação do Estado palestino se isso significasse a manutenção do Hamas no poder. Hoje, o grupo terrorista é a força política oficial na Faixa de Gaza.