O vídeo da reunião de 5 de julho de 2022 integra a investigação da PF na operação Tempus Veritatis -  (crédito: Reprodução/Video)

O vídeo da reunião de 5 de julho de 2022 integra a investigação da PF na operação Tempus Veritatis

crédito: Reprodução/Video

A Advocacia-Geral da União (AGU) exonerou o procurador federal Adler Anaximandro de Cruz e Alves da função comissionada que exercia no órgão por ele ter participado da reunião ministerial com Jair Bolsonaro, em 5 de julho de 2022. Na ocasião, se discutiu a implantação de um golpe de Estado no país, segundo investigação da Polícia Federal.

 

 

Adler é funcionário de carreira e ocupava a coordenação da Diretoria de Gestão e Cálculo da Procuradoria-Geral Federal. Mas na época da reunião de manifestações golpistas ele era secretário-geral de Consultoria da AGU, e estava sentado na mesa principal.

 

Seu chefe na AGU, Bruno Bianco, que ocupava naquele período o comando da Advocacia-Geral da União, estava presente também, e sentado próximo ao subordinado, separados por alguns lugares.

 

A AGU informou nesta sexta-feira (16/2) que foi aberta uma instrução preliminar, de natureza investigativa, para verificar se houve transgressão disciplinar por parte de Adler Alves. O encontro foi classificado hoje pelo órgão como "reunião em que foram mantidas discussões de teor golpista".

 

A investigação irá durar 30 dias, podendo ser prorrogável pelo mesmo tempo. "A finalidade é reunir os elementos necessários à formação do juízo de convicção da autoridade competente para a instauração de eventual procedimento disciplinar."

 

A abertura da investigação se deu logo que se tomou conhecimento de sua presença na reunião.

 

Outro lado

Adler Alves informou que sua participação no encontro em julho de 2022 se deu em razão de convocação formal e oficial recebida por ele no "sistema corporativo do correio eletrônico" da AGU, o designando para acompanhar Bianco. E foi motivada por um cargo anterior que havia ocupado, de chefe da Assessoria Especial da Presidência. O objetivo, segundo ele, era fazer a apresentação de uma cartilha da AGU para as eleições, o que acabou não ocorrendo porque a pauta do encontro foi "diversa e alongado para além do previsto".

 

"Em relação às falas de algumas autoridades na reunião, esclareço que estas em nada alteraram a forma constitucional e republicana com que a gestão anterior da AGU sempre atuou. É de se destacar que apenas três dias após o resultado final das eleições de 2022, a Advocacia-Geral da União foi o primeiro órgão público federal a formalizar uma equipe de transição governamental, inclusive coordenada por mim mesmo, tendo ocorrido sem qualquer sobressalto dentro da instituição. Além disso, registro que durante toda a gestão anterior, a AGU sempre primou pelo respeito aos Poderes constituídos e às instituições democráticas brasileiras, não havendo qualquer manifestação da AGU, escrita ou falada, em sentido oposto ao aqui afirmado", afirmou Adler em nota.