Operação é realizada após o tenente-coronel Mauro Cid (esq.), ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, fechar delação premiada -  (crédito: Reuters)

Operação é realizada após o tenente-coronel Mauro Cid (esq.), ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, fechar delação premiada

crédito: Reuters

Alvo de uma operação conduzida pela Polícia Federal nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro (PL) negou ter participado de qualquer tentativa do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) General Augusto Heleno de infiltrar agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na campanha do presidente Lula (PT). 'Trabalho da inteligência dele, eu não tinha nenhuma participação', afirmou.

A entrevista foi dada na Record TV, nessa sexta-feira (9/2).

Bolsonaro chamou a ação da PF de um "verdadeiro cinema". O ex-presidente ainda negou qualquer tentativa de golpe. "Isso não é golpe. Esses papéis que foram encontrados pela manhã, vazaram de propósito, caíram o mundo na minha cabeça. Conversei com meus advogados e tentamos descobrir de onde saíram esses papéis. Eles faziam parte de um processo. Martelam o tempo todo que tentei um golpe em 2022. E estou sendo acusado de tentar o golpe desde 2018. Não tinha conhecimento desse documento."

Sobre a ação de Heleno, Bolsonaro disse que não prestou atenção no pedido do ex-ministro e afirmou não ter visto "nada de demais" nas falas. "Na primeira reunião em 2020, mostrou-se que não havia nada ali. Eu sempre gravei as reuniões para postar nas redes. Essa outra reunião, a que Heleno fala, não era para ter sido gravada. Mas posso publicar trechos que não foram divulgados. Em um momento, Heleno falou que ia investigar os dois lados. Era o trabalho dele de inteligência. Não vejo nada demais naquilo. Nem me estendi no assunto. Se quiser fazer operação, faça."

A fala de Heleno ocorreu em reunião ministerial em julho de 2022, com Bolsonaro. As imagens foram apreendidas pela PF em computador encontrado na casa do ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.

"Dois pontos para tocar aqui, presidente. Primeiro, o problema da inteligência. Eu já conversei ontem com o Victor [Felismino Carneiro], novo diretor da Abin, nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados vão fazer", afirmou o ministro.

Na sequência, Heleno externa receio de que a informação da futura ação possa vazar. A gravação mostra Bolsonaro o interrompendo e pedindo para que o assunto fosse tratado por eles em particular.