Jair Bolsonaro, acompanhado do então ministro Walter Braga Netto (Defesa) e do então comandante da Marinha Almir Garnier Santos, em dezembro de 2022 -  (crédito: Pedro Ladeira/Folhapress)

Jair Bolsonaro, acompanhado do então ministro Walter Braga Netto (Defesa) e do então comandante da Marinha Almir Garnier Santos, em dezembro de 2022

crédito: Pedro Ladeira/Folhapress

A PF (Polícia Federal) cumpre nesta quinta-feira (8) mandados de busca e prisão de ex-ministros e militares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), bem como ação contra o próprio ex-presidente. 

A PF foi à casa de Bolsonaro em Angra dos Reis (RJ) e apreendeu o celular de um de seus assessores, Tercio Arnaud Thomaz. Também houve a determinação para que o ex-presidente entregasse o passaporte. 

Estão entre os alvos da nova operação o general Augusto Heleno, Braga Netto e Anderson Torres, além de militares. Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, é um dos militares presos. Ele já era investigado no caso de fraude do cartão de vacina do ex-presidente. 

Ao todo, são 10 mandados de prisão preventiva, além de 30 mandados de busca e apreensão em 10 estados e no Distrito Federal, em ação batizada de Tempus Veritatis. O objetivo, segundo a PF, é investigar uma organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito "para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder."

 

A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), no âmbito do inquérito das milícias digitais.

 

A operação acontece dias depois de outros mandados de busca que tiveram como alvo o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos -RJ), filho do ex-presidente, Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ).

 

Veja quem é quem dos alvos da nova operação da PF


GENERAL AUGUSTO HELENO

 Ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no governo Bolsonaro, Augusto Heleno é general da reserva do Exército e era estreitamente ligado ao ex-presidente.

 O militar era o chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) durante o governo Bolsonaro, órgão a quem a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) estava subordinada ?no governo Lula (PT), o órgão passou a ser ligado à Casa Civil. 

Ainda em janeiro, ele foi intimado para depor na PF sobre a existência da chamada "Abin Paralela", supostamente formada por pessoas que teriam usado ilegalmente um software de geolocalização para monitorar adversários do governo.

 

BRAGA NETTO

É ex-ministro da Casa Civil e da Defesa no governo Bolsonaro. Homem de confiança do ex-presidente, Braga Netto foi escolhido para ser o candidato a vice na última disputa eleitoral na chapa de Jair Bolsonaro. 

Braga Netto se filiou ao PL em 2022, dias depois de oficializar a pré-candidatura a vice. Como ministro, sustentou falas do ex-presidente que desacreditavam as urnas e defendia o voto impresso. 

 

ANDERSON TORRES

Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres foi preso em janeiro de 2023 em razão de possível omissão envolvendo os ataques golpistas do 8 de janeiro. Na época, ele era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. 

Também foi encontrado na casa dele uma minuta com teor golpista, segundo a Polícia Federal. Em depoimento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Torres negou o caráter golpista do documento, ao qual ele se referiu como "lixo, loucura e folclore". 

 

MARCELO CÂMARA

O militar Marcelo Câmara foi ex-assessor de Bolsonaro. Ele já era investigado no caso de fraude do cartão de vacina do ex-presidente. 

Próximo ao ex-presidente, já atuou como ajudante de ordens e assessor especial de Bolsonaro. No gabinete, produzia informações a pedido do ex-presidente. 

 

FILIPE MARTINS

É ex-assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro, foi preso pela PF na operação desta quinta. Segundo a investigação, Filipe teria apresentado ao ex-presidente a minuta golpista encontrada na casa de Anderson Torres. 

Também foi preso o major do Exército Rafael Martins, o general Paulo Sérgio Nogueira e o General Estevam Cals Theophilo Gaspar Oliveira.