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Aos 90 anos, Adélia Prado é homenageada no encerramento do Letra em Cena

Poeta participou por vídeo, respondeu a perguntas de autores e celebrou a poesia em noite com conferência de Augusto Massi e leituras de nomes da cena literária

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“Quero agradecer a você pelo empenho em manter a poesia viva e de dispô-la para os outros”. O projeto “Letra em cena” encerrou a temporada deste ano com as palavras de Adélia Prado ao curador e apresentador, José Eduardo Gonçalves, em homenagem aos 90 anos da poeta mineira. “Ao longo de 2025, a poesia foi o grande destaque do projeto, tendo colocado em debate a obra de poetas tão diversos como Camões, Orides Fontela, Murilo Mendes e Geraldo Carneiro, além da própria Adélia”, destacou José Eduardo. 

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Em vídeo exibido na noite de terça-feira (18/11) na Sala Multimeios do Centro Cultural Unimed-BH Minas e gravado em sua cidade, Divinópolis, Adélia respondeu a perguntas de Milton Hatoum, Elisa Lucinda, Fabrício Marques, Antônio Carlos Secchin e do próprio curador. “Sempre acreditei que todo autor escreve um livro só. Ele escreve outro pra emendar com o livro que ele fez”, afirmou Adélia, respondendo à pergunta a respeito das inquietações que a levam a escrever. 

Além de uma análise da obra, em elogiada conferência proferida pelo professor Augusto Massi, da USP, ela ganhou leituras de poemas por Ana Martins Marques, Mário Alex Rosa, Maurício Guilherme, Paula Vaz e Sílvia Rubião. “Estou muito alegre com essa homenagem, meu coração está palpitando de gratidão”, comentou Adélia, que encerrou o vídeo com a leitura de “Dois corações”, um dos poemas de seu novo livro, “Jardim das oliveiras” (Record). 

O “Letra em cena” completará em 2026 uma década de existência, “sempre coerente com o seu propósito de valorizar e divulgar o que há de mais relevante na produção literária em língua portuguesa”, afirma o curador, que antecipa uma das ideias aventadas para o próximo ano. “O retorno ao projeto de grandes nomes da intelectualidade acadêmica – como Silviano Santiago e Zé Miguel Wisnik – e de escritores da linha de frente da nossa literatura. Fazemos questão de manter os critérios de excelência e diversidade do projeto, fatores que foram determinantes para inserir o Letra em Cena na cena cultural da cidade” complementa José Eduardo Gonçalves. 

Leia, a seguir, as respostas de Adélia Prado às perguntas formuladas por colegas de prosa e verso. 

MILTON HATOUM 

Algum dos seus poemas já nasceu, surgiu pronto? O mais comum é você reescrevê-los várias vezes durante muito tempo? 

Eu tenho a lembrança, para falar com muita certeza, de dois (que surgiram prontos). “Com licença poética”, o primeiro poema do primeiro livro (“Bagagem”) e “Alfândega”, o último texto, também do primeiro livro. Esses dois poemas nasceram assim, ó, inteirinhos, sem dor, sem preocupação. Foi uma alegria. Mas esse fenômeno é raro. A gente sempre tem uma ideia do que quer e fica escrevendo, riscando e cortando, principalmente cortando, até que acha a criança limpa e começa a lambê-la? A gente lambe a cria e fala: ‘Esse aqui tá bom’. E inclui ele no resto. 

ELISA LUCINDA 

Que nome você dá aos estios da poesia na sua vida, os períodos que você fica sem escrever

Quando eu fico sem escrever, não dou conta de escrever, passo até anos é porque estou no chamado deserto criativo. Acho que isso acontece sempre com todas as pessoas, esse deserto que você fica: "Ah, meu Deus, mas eu não tenho nada aqui para sair. Eu não tô sentindo nada. Eu tô sofrendo. Tá difícil demais tudo". 

Então, esse é o deserto, mas é o deserto importantíssimo. É o deserto da provação. É aquilo que nos impede de ser orgulhosos e falar: ‘Eu fiz um poema. É um poema bonito.’ Quer dizer, eu teria que dizer assim: ‘Deus fez em mim um lindo poema’. Então, o que está doendo em mim no deserto é o próprio Deus, a inspiração, o fenômeno divino da existência da poesia. Sabe o que a gente tem que fazer? Aproveitar esse tempo para um jejum, uma atividade espiritual, alguma coisa que não me deixe desligar da transcendência do divino, daquilo que é o meu próprio sustento. Então, ele é bendito também, o deserto é bendito também.

ANTÔNIO CARLOS SECCHIN 

Qual a importância de Drummond para você como pessoa e como poeta? 

Desde o tempo escolar fazia poesia rimada, eu não conhecia outra coisa. Quando eu descobri o Drummond, eu falei: ‘É isso que eu quero’. Eu descobri o verso branco, o verso livre, uma poesia sem peias de regras e tudo. Devo isso a Drummond. Essa alegria de saber que aquilo que ele fazia sem rimar era poesia. E às vezes até a gente rima sem propósito. Naturalmente a rima vem. Então foi uma libertação. Eu achei um lugar de liberdade para escrever. 

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