Renato Negrão desafia os limites da poesia com 'escrevam-me'
Novo livro do poeta mineiro nasce de cartas da revista POP e mistura solidão, desejo e experimentação visual
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O poeta e artista visual Renato Negrão lança, no dia 8 de novembro, o livro “escrevam-me”, no Espaço Impressões, em Belo Horizonte. A obra surgiu durante a pandemia, a partir de colagens e montagens feitas com cartas publicadas na revista POP, de 1977. O autor descreve o processo como “um trabalho feito mais com tesoura do que com caneta”.
O livro reúne 50 textos curtos, organizados como um único poema ou como fragmentos autônomos. O material de base, cartas de pessoas em busca de correspondência, serve como ponto de partida para uma reflexão sobre solidão, desejo e linguagem. “Esses deslocamentos espaço-temporais e linguísticos permitem refletir o tempo presente”, afirma o autor.
O lançamento de “escrevam-me” dá sequência à pesquisa de Negrão sobre a relação entre palavra e imagem, presente em livros anteriores como “Vicente viciado” (2012) e “Odisseia vácuo” (2016).
“Sinto que, com Renato Negrão, a poesia criou um monstro. E julgo até perigoso. Penso que Negrão quebrou a máquina da poesia e está dizendo que se não for como ele manda não vai ser mais nada. O que ele faz é uma ocupação, não é uma passagem gentil de quem vai em visita. Ele toma tudo. Traz o apoético como protesto e reclama mesmo. Não é uma graça. É uma posse, vem do poder”, escreve Valter Hugo Mãe, na quarta capa do livro. O volume traz ainda posfácios dos poetas Ana Martins Marques e Rafael Zaca.
O lançamento terá bate-papo com Wilson de Avellar e Ana Luiza Santos, além de leituras de trechos do livro. O evento será das 16h às 21h, no Espaço Impressões (Rua Bueno Brandão, 80, Floresta).