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Nossos inimigos não são quem imaginamos

Se queremos mudar o mundo em que vivemos, o primeiro passo é mudar a nós mesmos

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ANDRÉ NEVES - Economista, empresário e autor do livro “O ego não é seu inimigo”

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Eu acredito na humanidade. Com todo egoísmo e materialismo em que a consciência humana ainda está presa, precisamos admitir que estamos evoluindo.


Já tivemos várias engenhocas de torturas, já queimamos pessoas em fogueiras, já nos escravizamos, dizimamos populações nativas. Ainda somos cruéis, mas o nível de crueldade vem diminuindo. Já não toleramos mais discriminações. A quantidade de organizações humanitárias aumentou consideravelmente nas últimas décadas. Não admitimos maus-tratos a animais e uma agenda verde é consolidada globalmente.


Apesar de tantas crescentes, o momento atual da humanidade realmente não é dos melhores e às vezes temos a sensação de que estamos em um caos. Em meio a uma transição de um mundo analógico para um digital, as gerações não conseguem se entender. Pais não estão sabendo lidar com os filhos. Falamos mal das gerações novas, mas esquecemos que são frutos da anterior. A saúde mental vai de mal a pior, com níveis de depressão, síndrome do pânico e burnout aumentando a cada ano. Colocamos a culpa no estresse do trabalho. Mas por que crianças estão tendo os mesmos sintomas, sem trabalhar?


A economia também não vai bem. Crises mundiais têm sido cada vez mais frequentes. O socialismo fracassou e o capitalismo se transformou de um sistema de produção para um de consumo. O desafio agora é criar no inconsciente coletivo a necessidade de consumir. Ou você tem tudo que o seu entorno tem ou vai se sentir inferior. Como consumir mais se o aumento de produção para atender a demanda esbarra em uma agenda verde? Estudos dizem que se o planeta todo tivesse um nível de consumo do americano, precisaria de uma área equivalente a quatro “Terras” para produzir o necessário. A conta não fecha.


A visão pode parecer um caos, mas é somente mais um ciclo que precisamos atravessar para a evolução. Que as coisas irão se ajeitar é fato, mas como não estaremos aqui para olhar da plateia, só nos resta refletir sobre soluções para começar a melhorar. A meu ver, o primeiro ponto é parar e fazer uma avaliação da consciência humana nesse momento do mundo.


Os inimigos nós já elegemos, o carbono, os bilionários e as pessoas de esquerda ou de direita, sempre quem pensa diferente de nós. Será que eles são realmente inimigos ou somente fruto da nossa própria forma de enxergar a vida?


Temos a necessidade de apontar culpados para o que não queremos ver em nós. Queremos diminuir a emissão de carbono, mas não aceitamos reavaliar o nosso consumo pessoal. Compramos o que desejamos e não o que precisamos. Falamos mal dos bilionários, mas esperamos que a economia do nosso país cresça e ofereça melhores oportunidades, esquecendo que são eles que têm talento para fazer negócios prosperarem. Reclamamos da intolerância de pessoas de partidos contrários, mas não enxergamos que estamos assim, nos dividindo em grupos políticos e ideológicos. Se o momento que vivemos é desafiador, precisamos nos unir e não dividir.


Estamos olhando para o lugar errado. O inimigo não é externo, ele está dentro de nós. Se queremos mudar o mundo em que vivemos, o primeiro passo é mudar a nós mesmos.

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