EDITORIAL

Fim da violência contra mulheres é luta coletiva

Os estudos anuais do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostraram, a cada edição, aumento do número de vítimas de feminicídio, de tentativa de feminicídio

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Milhares de mulheres, de pelo menos 20 estados do país, foram às ruas no domingo, em protesto contra o abominável aumento de feminicídios e outras agressões. De janeiro até a primeira semana de dezembro deste ano, mais de 1.180 mulheres foram executadas pelo namorado, marido ou ex-companheiro, cerca de 34 mil foram estupradas. Entre os horrores causados pelo machismo, chamou a atenção o feminicídio da cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, de 25 anos, na sexta-feira, no Distrito Federal, pelo soldado Kelvin Barros, no 1º Regimento de Cavalaria de Guardas. Após matar a jovem com facadas, o soldado ateou fogo no corpo da vítima.

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No Distrito Federal, neste ano, 26 mulheres tiveram a vida interrompida pelo ex ou atual companheiro. A manifestação por mais segurança ocorreu na Feira a Torre de TV e atraiu mais de 3 mil participantes, entre elas a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja. Para ela, o feminicídio “é o mais cruel apagamento” da identidade das mulheres. Na opinião da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que também esteve na manifestação, “essa luta é de todos os dias, para nos mantermos vivas, uma luta por todas nós, porque nós queremos viver”.


Em Belo Horizonte, o protesto contra o avanço da violência de gênero ocorreu na Praça Raul Soares. As manifestantes cobraram políticas públicas para impedir a violência que, entre janeiro e setembro, matou 1.077 mulheres. A coordenadora do movimento Quem Ama Não Mata, Myriam Christus, cobrou políticas públicas no combate ao feminicídio e defendeu a eleição de mais mulheres aos espaços legislativos para garantir maior representação e ações em defesa do gênero.


Dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública indicam um aumento de 26% no número de tentativas de feminicídio em 2024. De janeiro a setembro de 2025, mais de 2,7 mil mulheres foram vítimas desse crime cruel e covarde. Não foi, neste fim de semana, a primeira vez que as mulheres clamaram por segurança e, provavelmente, não será a última. Os estudos anuais do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostraram, a cada edição, aumento do número de vítimas de feminicídio, de tentativa de feminicídio, violência psicológica, stalking e ameaças.


A cada 10 mulheres mortas, oito foram executadas pelo atual ou ex-companheiro no ano passado. A maioria das vítimas (70,5%) tinham entre 18 e 44 anos, e 63,8% eram negras. Os pedidos de socorro à Polícia Militar, Disque 190, chegaram a 1,06 milhão, ou seja, duas chamadas por minuto. Ainda assim, 1.492 mulheres sucumbiram pelas agressões dos machistas em 2024 – um aumento de 0,7% em comparação a 2023.


Em outubro deste ano, a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal reconheceu que o Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios, lançado em 2024, os esforços do Executivo e as leis aprovadas pelo Congresso não alcançaram os resultados esperados. Os parlamentares atribuíram a frustração ao machismo dominante entre os homens, à baixa capacitação dos agentes públicos e à falta de integração entre os órgãos governamentais. Há, portanto, indicadores suficientes para corrigir as falhas que impedem a proteção adequada às mulheres ameaçadas de morte pelos companheiros.


A reação das mulheres de quase todo o país devido ao aumento das vítimas dos covardes impõe aos gestores públicos de todos os municípios e estados ações que, efetivamente, impeçam a brutalidade dos machistas. É preciso capacitar os agentes de segurança pública para uma atuação que evite as tragédias cotidianas que abreviam a vida das mulheres e de quaisquer outro gênero. Todos, independentemente de gênero, raça ou cor, têm direitos e, para usufruí-los, não devem estar subordinados aos caprichos letais dos incivilizados.

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