Crescimento do Brasil passa pelo Nordeste
O Nordeste brasileiro tem o maior potencial de energia eólica e solar: acumula 68% da capacidade de geração de energia renovável
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No ranking nacional de crescimento econômico em 2024, o Nordeste (4,1%) ficou na terceira posição, atrás das regiões Norte (4,8%) e Sul (4,2%). A Resenha Regional do Banco do Brasil, divulgada no início de 2025, revelou que a economia do Nordeste teve um crescimento, no ano passado, superior ao da média nacional, com um aumento de 3,8% no Produto Interno Bruto (PIB), superior ao índice nacional de 3,5%.
Não à toa, o debate “Os avanços do Nordeste em prol de uma região forte, integrada e competitiva”, promovido quinta-feira pelos Diários Associados em Brasília, reconheceu que é preciso investir em infraestrutura na região, de modo que os estados-membros também possam usufruir e crescer social e economicamente.
Ao apostar no Nordeste, o governo brasileiro estará alavancando o crescimento de todo o país. Esse entendimento foi consensual durante o debate em Brasília. A conclusão é de que a região está entre as soluções das dificuldades nacionais, sobretudo quando a transição energética passou a ser exigência diante das mudanças climáticas.
O Nordeste brasileiro tem o maior potencial de energia eólica e solar: acumula 68% da capacidade de geração de energia renovável. Possui uma vantagem estratégica que pode atrair indústrias na corrida pela descarbonização. Mas a falta de infraestrutura adequada impede que ocorra essa virada, alertam especialistas no tema.
O ministro da Previdência, Wolney Queiroz, ao defender a continuidade das políticas públicas direcionadas à região, afirmou que basta investir e dar condições ao Nordeste de se desenvolver. Para o deputado federal Pedro Campos (PSB-PE), é preciso dissociar da região a imagem de seca, perpetuada ao longo de décadas. Os investimentos e incentivos dados à região nos últimos anos promoveram uma melhora no cenário local. Mas ainda há muito a fazer.
O secretário de Governança Fundiária, Desenvolvimento Territorial e Socioambiental do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Moisés Savian, destacou os desafios para incentivar a produção agrária familiar no Nordeste, como a disponibilização de crédito e a adaptação ao clima semiárido, e a importância do desenvolvimento da agricultura familiar para o restante da sociedade. “Se o campo vai bem, a cidade vai bem. Isso pode não ser verdade para as grandes cidades, que têm indústria, têm serviços, mas certamente é verdade para as pequenas cidades”, discursou o secretário durante a abertura do CB.Debate.
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O Nordeste não é problema, é a solução”, afirmou Rogério Sobreira, economista-chefe do Banco do Nordeste (BNB). Embora reconheça que a região tem problemas, ele garantiu que a “ideia do Nordeste coitadinho realmente passou”. Mas reconheceu a necessidade de urbanização das cidades, a expansão da fronteira agrícola e a produção de energia limpa. Essas iniciativas estão, na visão do economista, entre as grandes oportunidades do futuro para a região.
Há poucos dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o governo terá como foco o Nordeste. A expectativa é de que o presidente anuncie políticas públicas e investimentos que atendam às reais necessidades da região. O desenvolvimento do Nordeste não supre apenas as demandas locais, mas é um fator indispensável para o Brasil.
Ao investir na infraestrutura do Nordeste, romper com as profundas desigualdades sociais e econômicas e propiciar qualidade de vida às populações, o impacto não ficará circunscrito à região. O impacto será nacional e significará um passo largo para que o Brasil alcance o patamar de nação desenvolvida.