EDITORIAL

O problema da IA no meio ambiente

Vista como uma ferramenta importante para enfrentar os desafios da crise climática, a IA demanda quantidades significativas de água e energia

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O uso de inteligência artificial é um enigma de duas faces no debate sobre sustentabilidade. De um lado, a nova tecnologia tem sido vista como uma ferramenta importante para enfrentar os desafios da crise climática. De outro, representa uma ameaça ambiental ao planeta, na medida em que demanda quantidades significativas de água e energia. Considerando a popularização desse instrumento em escala global, convém aos governos avançarem na regulamentação dessa tecnologia, hoje controlada pelas big techs.

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A inteligência artificial tem sido útil em diversas situações. A partir da análise de grande quantidade de dados, os modelos têm auxiliado cientistas a prever com mais precisão os impactos de algum desastre meteorológico, como furacões, enchentes e incêndios florestais. Esse avanço ajuda a salvar vidas em momentos de extremos climáticos. Ao identificar com antecedência as possíveis áreas afetadas, governos e órgãos ligados à Defesa Civil têm mais tempo para retirar famílias.

Os modelos desenvolvidos de IA também auxiliam no monitoramento de espécies da flora e fauna atingidos pelo desmatamento e pela poluição. Os sistemas conseguem produzir informações para reprimir, por exemplo, a caça ilegal ou a mineração predatória. Contribuem, ainda, para a melhor estratégia de mitigação de secas ou outros fenômenos meteorológicos, com benefícios à produção agrícola. Existem, contudo, questões prementes em relação a essa novidade tecnológica.

É amplamente reconhecido que a inteligência artificial tem impacto severo no consumo de água e na produção de energia. Os data centers que desenvolvem a aprendizagem dos modelos de IA precisam de uma refrigeração em proporções gigantescas, por causa do superaquecimento dos computadores. Esses centros têm sido, em diferentes partes do mundo, alvo de protestos em regiões com escassez hídrica ou com economia centrada na produção agrícola.

Com a disseminação de ferramentas como ChatGPT e Dall-E, utilizadas até para atividades triviais, como trabalhos escolares, o impacto ambiental provocado por essas megafábricas de dados tem crescido de forma exponencial. Em 2022, calcula-se que os data centers figuravam como o 11º maior consumidor de energia do mundo — o equivalente ao consumo da França. Há uma expectativa de que, em 2026, essas centrais digitais passem a ocupar o quinto lugar em consumo de energia, ombreando com Rússia e Japão. Apenas uma das big techs que atuam com IA tem mais de cem data centers espalhados pelo mundo, cada um com cerca de 50 mil servidores que processam informações.

O mais preocupante é que o uso de IA está concentrado nas mãos do seleto grupo de empresas que investem bilhões no negócio da informação. E não há sinal de que as big techs pretendam recuar de seus objetivos financeiros em nome da sustentabilidade. Nada fizeram quanto à ascensão do discurso do ódio e à ocorrência de outros crimes nas redes sociais; pouco se incomodaram com a disseminação de fake news e enfraquecimento do jornalismo profissional no planeta.

Não resta dúvida que a inteligência artificial pode ser um instrumento precioso para a humanidade enfrentar a crise climática com mais eficácia. É preciso, contudo, que o poder público se debruce com critério e seriedade sobre essa tecnologia. Até aqui, ela tem sido utilizada, em larga escala, para conglomerados auferirem mais lucros.

No caso da COP30 e das próximas convenções do clima, urge ir além do lado pitoresco representado pela arara Macaozinho. Lançada na semana passada em Belém, a ferramenta de IA fornece informações confiáveis sobre a crise climática, a partir de dados oficiais da Organização das Nações Unidas.

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