Brasileiros sentem na pele as mudanças do clima
Sobram evidências de que as mudanças climáticas não são obra de ficção, ainda que existam vozes insistindo em leituras contrárias
compartilhe
SIGA
Hoje, sobram evidências de que as mudanças climáticas não são obra de ficção, ainda que existam vozes insistindo em leituras contrárias. Os negacionistas, provavelmente, não escapam da crise, e também sentem na pele os efeitos desse desequilíbrio ambiental. Basta considerar os números do Índice de Percepção de Mudanças no Clima (IPM-Clima), elaborado pela Quaest. Mais de nove em cada 10 brasileiros – 94% – relatam ter enfrentado esse problema nos últimos dois anos. Distrito Federal e Minas Gerais seguem a média nacional: com índice de 93,9% e 92,8%, respectivamente.
Ondas de calor mais intensas (69%), secas prolongadas (42%), mudança no padrão das estações do ano (35%), geadas ou ondas de frio mais agudas (34%), incêndios florestais intensos (32%) e chuvas fora do normal (32%) foram os fenômenos mencionados pelos entrevistados. No caso da seca, o levantamento desperta um alerta ainda maior para o Centro-Oeste, que acumula 48% dos relatos.
Como um alerta para a necessidade de o país enfrentar a questão, com o desenrolar da 30ª Conferência das Partes (COP30), em Belém, as cidades de Rio Bonito do Iguaçu, Guarapuava e Turvo, no Paraná, foram atingidos por temporais e ventos (tornados), com velocidade de até 300 km/h. Rio Bonito foi o município mais atingido: 90% das moradias foram destruídas, sete pessoas morreram e centenas ficaram feridas.
Definitivamente, não é o primeiro grande alerta ao país. A tragédia no interior do Paraná soma-se às enchentes que afetaram o Rio Grande Sul no ano passado, deixando um rastro de mais de 180 mortos e 96% das cidades gaúchas atingidas. O Amazonas, no primeiro semestre deste ano, também sofreu com os extremos. Em vez de temporais, vários rios caudalosos da Região Norte secaram, afetando vidas humanas e de animais, bem como a economia dos municípios. Uma calamidade que vem se repetindo na Região Amazônica.
Cientistas e especialistas em crise climáticas têm, incansavelmente, alertado o mundo sobre a necessidade de rever o relacionamento humano com o planeta.
Ainda há nações poderosas que se recusam a mudar seus projetos para a economia e para o patrimônio ambiental. Acima de tudo, estão propostas e iniciativas que saciam a ganância por mais riqueza, pouco ou nada importando a qualidade de vida dos seres humanos.
Para os negacionistas, os alertas da ciência não passam de falácia dos estudiosos, e eles seguem com seus planos de intervenção fatal ao meio ambiente. Desprezam quaisquer possibilidades de fazer, por exemplo, uma transição, como a do uso de combustível fóssil, fonte de emissão de CO² na atmosfera – um dos principais elementos que alimentam o aquecimento global.
Nova oportunidade de mudar esse roteiro se dá agora, ao longo das discussões durante a COP30, no Pará.
As dificuldades para um avanço são claras – até por conta da ausência dos EUA, um dos principais poluidores, no debate. Mas esse não é o único desafio. Ainda que haja urgência na mudança do relacionamento dos povos e dos governos com o planeta, as ações concretas, no Brasil, costumam ser marcadas pela morosidade ou esquecidas nos escaninhos dos poderes, deixando para o futuro providências que deveriam ser realidade no presente. Outra crise a ser enfrentada.