EDITORIAL

Bullying não é brincadeira

Fundamental a participação da família nos ensinamentos da boa convivência às crianças e aos jovens, sem transferir a responsabilidade exclusivamente para a esco

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O bullying não é coisa de criança. É violência sistemática com consequências que se arrastam pela vida adulta. Hoje, Dia Mundial de Combate ao Bullying, uma oportunidade de se debater o tema e buscar parcerias e soluções entre sociedade, escola e família para coibir a prática.

A vítima tem sua autoestima minada e está mais propensa a desenvolver depressão, ansiedade, síndrome do pânico, autoextermínio. A recusa em ir à escola, a queda drástica no rendimento e o isolamento social são apenas alguns sintomas de um trauma profundo.

No ambiente que deveria ser dedicado ao aprendizado, ao convívio saudável e ao fortalecimento da cidadania, verifica-se o contrário, com alarmante frequência. O agressor e o agredido se ocultam, enquanto a escola permanece muitas vezes cúmplice por omissão. Fundamental a participação da família nos ensinamentos da boa convivência às crianças e aos jovens, sem transferir a responsabilidade exclusivamente para a escola.

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), de 2015, já apontava que 19,8% dos estudantes brasileiros relatavam a prática de bullying. Mais recentemente, a percepção de um problema sistêmico se confirma: 38% das escolas brasileiras relatam ter problemas com bullying, segundo o levantamento de 2024.

Embora 70% das escolas afirmem possuir projetos de combate ao bullying, o aumento da violência interpessoal na esfera escolar, que subiu de 3,7 mil vítimas em 2013 para 13,1 mil em 2023 (aumento de mais de 250% em dez anos), conforme números do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania, sugere que esses projetos são, na melhor das hipóteses, insuficientes ou, na pior, meros formalismos. Parte das ocorrências envolve desentendimentos e agressões causadas pela pressão física ou psicológica, muitas vezes intencional e repetitiva, com o propósito de intimidação.

A situação é ainda mais crítica para grupos vulneráveis. Um estudo de 2024 indicou que 86% dos estudantes LGBTQIA+ relataram se sentir inseguros na escola devido a alguma característica pessoal. O dado é da Pesquisa Nacional sobre o Bullying no Ambiente Educacional Brasileiro, realizada pela organização da sociedade civil Aliança Nacional LGBTI+ em parceria com o Instituto Unibanco.

A criminalização recente do bullying e do cyberbullying (Lei 14.811/24) foi uma medida importantíssima, mas a lei sozinha não resolve. Há um descompasso entre o sofrimento dos alunos e o reconhecimento do problema. Muitas vezes tratado como caso isolado, perde-se a chance de ser conduzido de forma pedagógica para toda a comunidade escolar.

Não basta ter um projeto antibullying no papel. É preciso investir em formação continuada para professores e gestores, ensinando-os a identificar e intervir. Garantir acolhimento psicológico para vítimas e também para agressores, que muitas vezes reproduzem violências sofridas, deve estar no manual de conduta. Assim como a criação de canais de denúncia seguros e confidenciais, em que o medo de retaliação não silencie a vítima ou a testemunha.

Esse tipo de agressão se manifesta como termômetro da intolerância social que se infiltra nos muros da escola. Combater a prática é mais do que punir; é reconstruir uma cultura de empatia e inclusão. E o exemplo deve vir de casa. Cabe aos pais, irmãos e familiares ensinar o valor do respeito aos pares e também alertar sobre os riscos de punição.

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