EDITORIAL

Poucos médicos em um país imenso

Atualmente, há pouco mais de 515 mil médicos para atender uma população de mais de 203 milhões de brasileiros

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Levantamento da Associação dos Mantenedores Independentes Educadores do Ensino Superior (Amies) mostra que é enorme a desigualdade na distribuição de médicos atuantes pelo país. Atualmente, há pouco mais de 515 mil médicos para atender uma população de mais de 203 milhões de brasileiros, o que dá uma média de 2,54 médicos por mil habitantes.


As regiões Norte e Nordeste são, sem dúvida, as mais prejudicadas, com maior carência desses profissionais. Em ambas as regiões, há menos de dois médicos a cada mil habitantes, sendo que a recomendação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 3,73 médicos. Imagine duas filas com 500 pessoas cada, no caso pacientes, e apenas dois médicos (menos de dois, na verdade) para atendê-los. Numa visão macro, são 71 milhões de brasileiros vivendo nas duas regiões e apenas 130 mil médicos, o que demonstra a precariedade da relação médico/paciente nesses locais.


Na Região Nordeste, estados como o Maranhão, e na Região Norte, o Pará, apresentam os menores índices de médicos por mil habitantes: 1,13 e 1,22, respectivamente. Outros estados também revelaram baixos índices como Ceará, 1,95; Bahia, 1,90; Acre, 1,46; e Piauí, 1,40.


O estudo aponta, também, medidas para atenuar esse cenário, como a abertura de vagas em faculdades que estão com processo em tramitação no Ministério da Educação (MEC). Ou ainda a criação de cursos de medicina e o aumento de vagas em cursos já existentes.


No Nordeste, são 50 pedidos de criação de novos cursos e 32 pedidos de ampliação das vagas, como na Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba, e na Faculdade de Medicina de Olinda, em Pernambuco. Já no Norte, são 24 pedidos de abertura de novos cursos e cinco pedidos de ampliação das vagas, como na Faculdade de Ciências Médicas de Palmas, no Tocantins, e no Centro Universitário Ceuni-Fametro de Manaus, no Amazonas.


As regiões Sul e Sudeste apresentam as melhores proporções entre médicos e pacientes, mas ainda assim, números muito distantes do ideal. Na Região Sudeste, são 2,97 médicos por mil habitantes, e na Região Sul, 2,98 médicos – sendo esta a melhor representante do país. Na Região Centro-Oeste, são 2,75 médicos por mil habitantes.


Já o Distrito Federal, por ser a menor unidade federativa do país e não estar associada a nenhuma das regiões, atuando como estado e município, dispõe de uma situação peculiar: 4,58 médicos por mil habitantes, ultrapassando a recomendação da OCDE. Os estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia, embora sejam alguns dos mais populosos da federação, apresentam, respectivamente, 3,21; 3,10; 2,88; 2,87 e 1,90 médicos por mil pacientes, uma proporção distante da ideal e motivo de preocupação por parte das autoridades de saúde e do governo federal.


Fato é que somente o investimento nas instituições de ensino superior não vai resolver a distância entre a realidade e o que é ideal em termos de atendimento à população. A oferta de melhores condições de trabalho para que esses profissionais possam atuar com dignidade é quase uma questão mandatória. Caso contrário, continuaremos sendo um país gigantesco com poucos médicos.

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