editorial

Beleza a qualquer preço

Somente em 2023, no Brasil, foram feitos mais de 2 milhões de procedimentos estéticos. Ocupamos o segundo lugar do mundo no ranking internacional de cirurgias

Publicidade
Carregando...

Nesta semana, o Brasil registrou mais uma morte decorrente do uso inadequado de uma substância já conhecida pelos malefícios, o PMMA ou polimetilmetacrilato. Uma modelo e influencer de 33 anos morreu depois de se submeter a um procedimento em clínica de estética para o aumento dos glúteos.


No dia seguinte à cirurgia, ela teria sentido os primeiros sintomas (febre) de que algo poderia ter dado errado. No quarto dia, foi internada e acabou morrendo na última terça-feira (2/7). Não é a primeira nem a última vez que a proprietária da clínica foi detida e será investigada, mas mais uma vítima se foi.


O PMMA, amplamente divulgado pela imprensa nacional, é um material sintético e somente pode ser usado em casos muito específicos, em pequenas porções e nunca implantado por pessoas não qualificadas.

A substância é tão perigosa que, para ser utilizada em preenchimentos subcutâneos, precisa de registro na Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, é considerado um produto de uso em saúde de máximo risco (classe IV) e só pode ser administrado após treinamento, já que o profissional precisa saber determinar doses, número de injeções, áreas do corpo e características do paciente.


No entanto, a história se repete e, cada vez mais, em menor espaço de tempo. Vide a morte recente de um homem por uso de polifenol, também utilizado por profissional não capacitado para tal.


Somente em 2023, no Brasil, foram feitos mais de 2 milhões de procedimentos estéticos. Os dados são da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e, segundo outra entidade – a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (ISAPS) –, ocupamos o segundo lugar no ranking internacional de cirurgias plásticas, perdendo apenas para os Estados Unidos. Mas não aprendemos a ser criteriosos nas nossas escolhas. Também não aprendemos a criar estratégias capazes de fiscalizar e punir como se deve os maus profissionais. Não há fiscalização, portanto, há impunidade.


A verdade é que o imediatismo e as promessas mirabolantes de beleza, aliados à busca pelo corpo perfeito ou a uma espécie de tentativa de autoaceitação frente ao espelho, têm transformado a cirurgia plástica com fins estéticos em algo imprescindível na vida de todas as pessoas.


A boa notícia é que uma onda “natural” está começando a se formar, ainda que os números de procedimentos estéticos tendam a crescer exponencialmente nos próximos anos. Muitas mulheres que implantaram silicone nos seios estão retirando o volume, e, mesmo aqueles que se submetem a alguma cirurgia, estão exigindo resultados mais discretos, contornos mais suaves e proporcionais ao próprio corpo. Quem sabe assim possamos noticiar o sucesso deste ou daquele procedimento estético ao qual uma celebridade se submeteu, tamanha a naturalidade, em vez de mortes, deformações e embates nos quais profissionais e pacientes são postos frente a frente em processos judiciais que duram anos, quase sempre sem final feliz. 

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay