Neste mês, uma referência importante para a formação do país é celebrada: no próximo dia 18, o Brasil comemora o Dia Nacional do Livro Infantil. A data foi escolhida porque, em 1882, nasceu o escritor Monteiro Lobato, considerado o pai da literatura infantil brasileira. A menção foi consolidada por meio da Lei 10.402, de 8 de janeiro de 2002.


A homenagem ao trabalho do autor traz à tona a importância do tema. A leitura como incentivo à educação tem que estar sempre em debate não apenas no campo do ensino, mas também pensando o crescimento em diversos aspectos. A prática de ler ajuda no desenvolvimento emocional, social e cultural nos primeiros anos de vida. Além disso, é fundamental lembrar que está diretamente ligada ao processo de alfabetização.


Entre os benefícios da leitura estão ainda o fortalecimento da relação com quem lê para a criança; o estímulo da curiosidade, imaginação e criatividade; o fortalecimento da atenção, concentração, vocabulário, memória e raciocínio; a descoberta de sentimentos e como lidar com eles. Essa base, quando bem estabelecida, segue o indivíduo em suas atividades.


O entendimento de que a educação básica – do ensino infantil ao médio – é um bem universal deve nortear políticas públicas e figurar entre os princípios da sociedade. Mas questões históricas são barreiras a serem ultrapassadas no país. A fragilidade na formação educacional, que inclui a falta de professores, material didático desatualizado e má gestão dos recursos, afeta há décadas as escolas.


O Brasil ainda precisa avançar mais para que as crianças consigam apresentar desempenho satisfatório na leitura. Essa condição, além de se refletir no estímulo aos livros, compromete a sequência do percurso de estudos do cidadão. Em dezembro do ano passado, uma pesquisa encomendada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) mostrou que 84% dos brasileiros acima de 18 anos de idade não haviam comprado livros nos últimos 12 meses. Fatores como falta de tempo e os preços foram apontados como causas para a distância da leitura, mas o gosto que se deve criar desde a formação do indivíduo é um ponto também a ser considerado.


A pandemia do novo coronavírus, com o fechamento dos espaços educacionais, tirou as crianças das creches e das pré-escolas, esta última considerada uma etapa fundamental para auxiliar no processo de alfabetização e de leitura. Diante desse cenário, em junho de 2023, o governo federal lançou o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, em regime de colaboração entre União, estados, Distrito Federal e municípios. O objetivo é garantir que 100% das crianças brasileiras estejam alfabetizadas ao final do 2° ano do ensino fundamental, além da recomposição das aprendizagens, com foco na alfabetização, de 100% das crianças matriculadas no 3°, 4° e 5° ano, prejudicadas pelo isolamento imposto pela COVID-19.


Mais recentemente, o programa Pé-de- Meia, criado pela Lei 14.818, de 16 de janeiro de 2024, oferece incentivo financeiro a estudantes do ensino médio de colégios públicos para estimular a permanência e a conclusão dos estudos, além da participação em exames educacionais nacionais e subnacionais. Os estudantes receberão um pagamento mensal de R$ 200, além de um bônus anual de R$ 1.000. Segundo as regras do programa, coordenado pelo Ministério da Educação (MEC), os R$ 200 serão pagos por dez meses a cada ano e podem ser sacados a qualquer momento pelo estudante. Já os R$ 1.000 pagos ao fim de cada ano letivo, só podem ser usados pelo jovem após sua formação no ensino médio. A contrapartida é que o aluno frequente pelo menos 80% das aulas. De acordo com o MEC, o programa estima atender a 2,5 milhões de estudantes e terá um investimento de R$ 7,1 bilhões este ano.


Esforços conjuntos e que atinjam desde as primeiras até as mais avançadas etapas da educação precisam ser constantes e dinâmicos, levando em consideração as carências e as necessidades da população. O ensino é essencial para o desenvolvimento da nação, e a leitura abre as portas para um universo infinito de possibilidades. A educação é a mola mestra do crescimento individual e coletivo. Os desafios são inúmeros, mas precisam ser enfrentados no dia a dia – dentro das salas de aula e dos gabinetes políticos. A inspiração e o conhecimento que vêm com os livros apontam a rota para a melhoria da sociedade e o país precisa cumprir esse caminho.