Ângela Mathylde Soares
Neurocientista, pedagoga e psicanalista

A educação pública brasileira segue como um tema de bastante preocupação, principalmente, considerando o futuro dos jovens e, consequentemente, do próprio país. A implementação do novo ensino médio foi barrada e o governo avalia novas maneiras para reverter os problemas e adaptar o método à realidade mundial, ampliando também o acesso aos estudantes.

Um dos aspectos mais debatidos está sobre o "Novo Ensino Médio", cuja proposta é garantir aos jovens, ainda durante o ensino básico, uma formação técnica, proporcionando uma profissão, antes mesmo da graduação. Uma questão está no fato de não ser necessário cursar todas as disciplinas para profissionalização, contando com algumas obrigatórias e o próprio estudante selecionaria mais algumas que mais lhe agradasse.

Consequentemente, a medida afeta a carga horária escolar, a preparação adequada do estudante e, até mesmo, o formato do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). O fato é que diversas escolas públicas não estão adequadas a essa alteração e ainda convivem com superlotação, falta de verba e, consequentemente, precariedade de estrutura e materiais.

Após um período de consulta pública, debates e tomada de decisões, o parecer atual é contrário às ideias do governo Lula, uma vez que a Câmara dos Deputados optou por fazer modificações no texto do Ministério da Educação (MEC).

A previsão de apresentação é ainda para dezembro e a publicação deve destacar uma modificação na carga horária, evitando afetar o curso técnico, reduzindo a grade regular. Outra mudança deve ser a retirada da obrigatoriedade do espanhol e inclusão de modalidades a distância.

O governo quer ampliar a adesão ao ensino médio com a criação de uma poupança, ou seja, uma bolsa permanência para pessoas de baixa renda, pois, devido à condição financeira familiar, muitas delas precisam abdicar dos estudos para trabalhar e ajudar em casa. A estimativa é que até 16% dos discentes abandonem a escola durante esse período.

Os detalhes ainda estão sendo definidos, porém, os requisitos para participar da medida, além da comprovação de renda mensal, igual ou inferior a R$ 218, envolvem aspectos de vulnerabilidade social e idade, matrícula na instituição de ensino pública, pertencer a famílias inscritas no CadÚnico, frequência mínima, garantia de aprovação no fim do ano letivo, além da participação no Enem para aqueles no último ano e provas externas aplicadas pelo governo.

O Brasil ainda lida com sérios problemas de disparidade e, ao longo dos anos, o governo busca superar essas barreiras para oferecer melhores condições de vida, através, principalmente, dos estudos, em programas, como o Enem, Sisu, Fies e as cotas, contudo, ainda existe muito a ser superado.

Uma das principais dificuldades está na integração de todos, de maneira igualitária e satisfatória, uma vez que as críticas para as mudanças envolvem a qualidade do ensino e, como essa seria afetada, assim como considerar cada diferença e realidade vividas pelos estudantes das várias regiões, assim como seu acesso, quer seja ao ensino presencial, como a distância, já que muitos não possuem acesso a internet ou outros dispositivos adequados.