Ângela Mathylde Soares
Neurocientista, neuropsicopedagoga, psicanalista e professora
O mês de novembro chegou com um dos momentos mais importantes para os estudantes do último ano: Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O teste apresenta uma bateria de perguntas sobre diferentes áreas do conhecimento e os resultados definem o futuro de milhares desses brasileiros. Apenas neste ano, quase 4 milhões de brasileiros se inscreveram e, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), o número é 13,1% maior que em 2022 e, 14,2%, maior que em 2021.
O primeiro dia já foi, e o volume da concorrência e a pressão familiar acabam provocando dois dos sentimentos comuns entre os participantes: medo e ansiedade. Afinal, uma vez que, para conseguir entrar em uma universidade pública ou, ao menos, ter direito a se inscrever em um dos programas alternativos, disponibilizados pelo governo, é preciso boas notas e superar os adversários.
Uma pontuação adequada depende de saber as regras gramaticais; características literárias; idioma; fórmulas matemáticas – físicas e químicas –; momentos históricos; características de plantas – animais – e geográficas; estar bem informado sobre as principais notícias e problemas mundiais para escrever uma redação. Tudo isso em poucas horas de prova. Tantas são as informações que é desafiador não se preocupar e comprometer a saúde mental.
A apreensão com o bom resultado é bastante angustiante e se torna ainda pior quando a cobrança não é apenas pessoal, mas também familiar. É essencial pais e pessoas próximas entenderem o lado do estudante, prestando apoio. A pressão é extremamente prejudicial e desencadeia outros problemas.
Um pouco de ansiedade é comum, entretanto, tudo em excesso faz mal. A tensão decorrente dessa situação provoca sensações, consideradas extremas e pouco saudáveis, indicando sinais de atenção, como dores de cabeça ou enxaqueca, estresse, dificuldade para dormir ou muito sono, medo, sensação de falta de ar, batimentos acelerados e problemas para se concentrar.
A queda da autoestima e confiança também são comuns no cotidiano desses alunos, fazendo com que surjam dúvidas sobre a sua real capacidade, as expectativas para o futuro e também a profissão. As relações interpessoais, quer sejam com amigos ou familiares, também podem ser profundamente afetadas, devido ao constante nervosismo.
A recomendação é saber administrar a pressão, equilibrando o aprendizado e o lazer. A primeira reação, em muitos casos, é intensificar os estudos, sendo que, na realidade, a melhor solução é buscar praticar hobbies e atividades para o bem-estar e afastar as inquietações, mentalizando pensamentos positivos.
Vale alertar que não se deve desesperar, caso o resultado não seja o esperado. Ninguém sabe tudo, sendo que algumas habilidades são mais desenvolvidas que outras, ou seja, um desempenho ruim não significa que não é inteligente. O Enem é uma prova que pode definir o futuro, contudo, não é a única alternativa. O importante é seguir e manter a preparação para outras provas, quantas vezes for necessário para alcançar os sonhos.