Mundo Corporativo

Tecnologias digitais redefinem gestão de obras no país

Integração de inteligência artificial, internet das coisas e computação em nuvem fortalece digitalização na construção civil. Roger Flavio de Lima, CEO da Montreal Construções, aponta monitoramento contínuo, automação e análise de dados como funcionalidades em todas fases da obra

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A integração do Building Information Modeling (BIM, ou Modelagem da Informação da Construção) com sensores conectados pela Internet of Things (IoT, ou Internet das Coisas), serviços de computação em nuvem e recursos de inteligência artificial (IA) consolida a digitalização na construção civil brasileira, segundo guia orientativo do governo federal sobre tecnologias digitais aplicadas à gestão de obras.

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Dados do Termômetro Falconi da Construção Civil, divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), mostram que o uso de ferramentas de IA mais que dobrou na construção civil brasileira entre 2023 e 2025, passando de 15% para 38%, enquanto soluções como BIM, adotada por 55% das empresas, se estabelecem nos planos estratégicos das empresas.

Roger Flavio de Lima, especialista em IA, IoT e Cloud Computing (computação em nuvem) aplicados à construção civil, fundador e CEO da empresa de engenharia civil Montreal Construções, afirma que a construção brasileira não é mais analógica, mas o cenário atual de transformação digital no setor é heterogêneo.

“Grandes construtoras, concessionárias e indústrias de base estão em um patamar avançado de digitalização, um bloco intermediário substitui papel por aplicativos, usa drones, adota BIM parcialmente e começa a conectar sistemas, enquanto pequenas e médias empresas ainda estão sob forte dependência de processos manuais, mas já sentem a pressão para se digitalizar”, relata o especialista.

De acordo com o profissional, as tecnologias que estão liderando a mudança são BIM avançado, ambientes comuns de dados, gêmeos digitais, monitoramento em tempo real de ativos críticos com IoT, análise de dados em nuvem e IA para previsão de falhas, otimização energética, qualidade e logística.

Impactos no ciclo de vida da infraestrutura

Lima ressalta que IA, IoT e computação em nuvem estão presentes nas fases de projeto, construção, operação e descomissionamento — que ele denomina ciclo de vida da infraestrutura —, mas com funções diferentes. “Sensores e telemetria acompanham equipamentos, concreto e compactação, drones medem o avanço físico e a segurança, e plataformas em nuvem integram planejamento, suprimentos e execução”.

Segundo o especialista, no planejamento e projeto, BIM, gêmeos digitais e simulações avançadas permitem testar cenários de implantação, traçado, volumetria, insolação, conforto e mobilidade, simular impactos ambientais, hidrológicos e energéticos e rodar modelos de custo, prazo e risco antes da primeira escavação.

“Nas fases de operação e manutenção, o ativo aprende com a própria operação, ou seja, é uma infraestrutura cognitiva. Com sistemas de manutenção preditiva, monitoramento estrutural e processamento de dados em tempo real, é possível antecipar falhas e otimizar janelas de manutenção, ajustar a operação para reduzir consumo, desgaste e emissões e manter histórico completo de desempenho, essencial para segurança, regulação e seguros”, detalha o profissional.

O executivo acredita que inspeções, medição de avanço físico, operação de sistemas prediais e urbanos, e planejamento e orçamentação padrão serão totalmente automatizadas nos próximos anos. “Tudo o que é repetitivo, perigoso, altamente padronizável e baseado em leitura de sinais tende a ser automatizado. A automação eleva o nível da atuação do engenheiro e do planejador urbano, em vez de gastar tempo conferindo planilha, passam a discutir cenários, riscos, e impactos sociais”.

Para o profissional, drones e robôs autônomos realizarão inspeções de pontes, viadutos, fachadas, taludes, com análise automática de imagens por IA para detectar fissuras, corrosão, infiltrações e deslocamentos. Segundo ele, a comparação entre nuvens de pontos e imagens de canteiro e modelos BIM, gerará percentuais de avanço, curvas de progresso e alertas de atraso. 

Um planejamento mais preciso reduz retrabalho, deslocamentos desnecessários e quebras de cronograma, a IoT em canteiro permite monitorar consumo de água, energia, combustíveis e materiais, enquanto sistemas inteligentes de climatização e iluminação reduzem consumo sem sacrificar conforto e os algoritmos ajudam a ajustar recursos à demanda real”, comenta o CEO.

Segundo Lima, essas soluções contribuem para aumentar a eficiência energética, reduzir desperdícios e ampliar a sustentabilidade das obras e das operações urbanas. “Isso se conecta diretamente à agenda de cidades sustentáveis. A integração de cadeias florestais, industriais e logísticas por uma mesma arquitetura de dados e modelos evidencia a mudança de escala no setor, e o mesmo se aplica às cidades”.

Cidades inteligentes

De acordo com o CEO, os principais fatores que impulsionam a necessidade de projetos mais inteligentes e conectados hoje no Brasil são pressões econômicas, regulatórias, ambientais e sociais, que tornam o modelo tradicional insustentável.

“Em cidades como São Paulo, Rio, Brasília e outras capitais latino-americanas, os desafios são os mesmos: trânsito, enchentes, precariedade de infraestrutura e orçamentos limitados. Metas de descarbonização, proteção de ativos naturais e uso racional de água e solo exigem medir, prever e agir com precisão, o que é viabilizado pela combinação de IA, IoT e computação em nuvem”, declara Lima.

Para Lima, essa transição traz desafios éticos e exige discutir temas como privacidade, governança de dados, inclusão e vieses algorítmicos. “Uma smart city que não coloca as pessoas no centro é apenas um grande experimento tecnológico. Smart city não é um aplicativo bonitinho na mão do cidadão. É infraestrutura crítica operando com suporte de IA e dados em tempo real”, conclui. 

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