'Fact-checking' influencia o comportamento dos usuários das redes, indica estudo
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As atividades jornalísticas de verificação de notícias falsas que circulam no Facebook reduzem seu potencial viral e modificam o comportamento dos usuários, concluiu um estudo publicado em dezembro por vários pesquisadores do Instituto de Estudos Políticos de Paris e da Universidade de Liège.
O estudo, realizado durante um ano e meio em colaboração com o serviço de investigação digital da AFP, permitiu comparar a viralidade de publicações efetivamente verificadas com a trajetória de publicações semelhantes sem checagem.
A AFP, assim como outros veículos pelo mundo, é remunerada por certas plataformas digitais, incluindo a Meta (matriz do Facebook, Instagram, WhatsApp), para combater a desinformação.
Uma vez avaliada pelos jornalistas, uma publicação incorreta recebe um rótulo que indica que é falsa ou parcialmente falsa.
Segundo os resultados do estudo, uma informação verificada e marcada como falsa tem sua viralização reduzida, em média, em 8% na rede social. “É um efeito positivo, estatisticamente significativo”, ressaltou à AFP a pesquisadora Julia Cagé, que participou do estudo.
De acordo com a economista, o efeito se deve tanto a uma mudança no comportamento dos usuários após a verificação quanto ao próprio funcionamento da rede social. A Meta, de fato, “reduz” a visibilidade das informações falsas avaliadas pelos verificadores de fatos.
A pesquisadora também indica que a cifra média de 8% “esconde muita heterogeneidade” no impacto da verificação, que varia segundo diversos fatores. A viralidade de uma notícia falsa diminui de forma mais significativa quando a verificação é realizada rapidamente.
O impacto do “fact-checking” também varia conforme os temas abordados. O estudo evidencia um efeito mais forte quando a informação falsa se relaciona com a guerra na Ucrânia, e um efeito limitado em temas de saúde ou meio ambiente.
O trabalho mostra, além disso, que a checagem de fatos modifica o comportamento dos usuários.
“Para um usuário médio, ter compartilhado uma notícia falsa que depois é assinalada como tal reduz, a curto prazo, seu uso das redes sociais. Ou seja, compartilhará menos informações no Facebook e, sobretudo, compartilhará menos notícias falsas”, detalha Cagé.
“A luta contra a desinformação continua difícil, mas é alentador constatar que o ‘fact-checking’ faz uma diferença real, sobretudo quando é rápido e claramente identificado como tal. Isso nos motiva a continuar e intensificar nosso trabalho”, reagiu Nina Lamparski, subdiretora de redação de investigação digital na AFP.
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