Papa Leão XIV denuncia aplicação da IA no âmbito militar
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O papa Leão XIV alertou sobre o uso da inteligência artificial (IA) nas forças armadas, afirmando que delegar tais decisões às máquinas seria uma "traição destrutiva" aos princípios que sustentam a civilização, em primeira mensagem sobre o Dia Mundial da Paz, publicada nesta quinta-feira (18).
"Os avanços tecnológicos e a implementação militar da inteligência artificial agravaram a tragédia dos conflitos armados", lamentou o papa americano-peruano, que em várias ocasiões defendeu o uso ético da IA desde sua eleição em maio.
"Existe ainda uma tendência crescente entre líderes políticos e militares de se eximirem de responsabilidades, à medida que as decisões sobre vida e morte são cada vez mais 'delegadas' às máquinas".
"Isso representa uma traição sem precedentes e destrutiva aos princípios jurídicos e filosóficos do humanismo que sustentam e protegem todas as civilizações", afirmou.
O primeiro papa americano da Igreja Católica tem repetidamente apelado para que a IA seja utilizada de forma ética desde a sua eleição em maio.
Vários países começaram a usar IA para automatizar sistemas de vigilância, defesa cibernética e armamento — como drones autônomos ou sistemas antimísseis equipados com algoritmos preditivos —, levantando sérios dilemas éticos.
Na mensagem, publicada antes do Dia Mundial da Paz, celebrado pela Igreja em 1º de janeiro, Leão também denunciou o uso da religião para fins políticos.
"Infelizmente, tornou-se cada vez mais comum arrastar a linguagem da fé para batalhas políticas, abençoar o nacionalismo e justificar a violência e a luta armada em nome da religião", afirmou.
O líder de 70 anos também disse que a ideia do poder militar e da dissuasão nuclear em particular, "se baseia na irracionalidade das relações entre as nações", construída "não sobre a lei, a justiça e a confiança, mas sobre o medo e a dominação pela força".
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