Paramilitares do Sudão destroem provas de violências cometidas em El Fasher, diz relatório
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Os paramilitares sudaneses das Forças de Apoio Rápido (FAR) realizaram assassinatos em massa de forma sistemática e se livraram dos corpos para destruir as provas dos massacres em El Fasher, na região de Darfur, indicou um novo relatório.
O documento do Laboratório de Pesquisa Humanitária (HRL, na sigla em inglês) da Universidade de Yale indicou na terça-feira (16) que o grupo paramilitar "destruiu e ocultou provas de seus assassinatos em massa generalizados" em El Fasher.
O grupo teve como base imagens de satélites para monitorar as atrocidades nesta localidade, desde o início da guerra entre as FAR e o exército em abril de 2023.
Em outubro, as FAR tomaram violentamente a cidade de El Fasher, a última posição defensiva do exército em Darfur, região do oeste do Sudão. Desde então, surgiram denúncias de execuções sumárias, violações sistemáticas e detenções em massa nessa cidade.
O HRL afirmou que, após a tomada desta localidade, conseguiu identificar 150 grupos de objetos que correspondiam a restos humanos. Dezenas deles coincidiam também com denúncias de execuções sumárias, e outros com assassinatos de civis que fugiam.
Em um mês, quase 60 desses agrupamentos já não estavam mais visíveis. Em vez disso, surgiram oito alterações do terreno perto dos locais onde ocorreram massacres, segundo o documento.
Os pesquisadores afirmaram que estas mudanças não eram compatíveis com práticas funerárias civis.
"Ocorreram assassinatos em massa e eliminações de cadáveres em grande escala e de forma sistemática", conclui o relatório, que estima que o número de mortos na cidade chega a dezenas de milhares.
Há dois anos e meio, o Sudão está mergulhado em um conflito interno entre o exército regular e este contingente paramilitar que deixou milhares de mortos e milhões de deslocados, o que a ONU classifica como a maior crise humanitária do mundo.
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