BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos decide nesta terça-feira (18) se aprova a divulgação dos arquivos do Departamento de Justiça sobre Jeffrey Epstein, levando em frente um assunto que tem sido uma pedra no sapato do presidente Donald Trump

Dois dias após Trump abandonar sua oposição à divulgação, é esperado que os deputados aprovem a medida. Depois, a resolução, que exige a divulgação de todos os materiais não confidenciais sobre Epstein, vai ao Senado, onde ainda não é certo que ela será aprovada -as duas Casas do Congresso são atualmente controladas pelo Partido Republicano. 

A sessão na Câmara estava prevista para começar às 10h (12h de Brasília), mas os primeiros votos sobre a pauta da Casa, que não tem apenas o caso Epstein sob análise, devem começar apenas às 14h (16h de Brasília). 

O presidente americano, cujas relações com Epstein têm sido exploradas por críticos e apoiadores, há muito tempo alimenta teorias conspiratórias sobre o financista que cultivou muitos amigos ricos e poderosos - Epstein foi condenado por crimes sexuais na justiça estadual da Flórida e, preso por acusações semelhantes na esfera federal em 2019, morreu na prisão. 

Desde que o republicano retornou ao poder, o assunto se tornou um raro ponto fraco para ele, em particular para alguns de seus apoiadores mais radicais, que têm se mostrado descontentes com declarações de Trump e atos do governo sobre o caso. 

Uma pesquisa Reuters/Ipsos de outubro descobriu que apenas 4 em cada 10 republicanos aprovam a forma como Trump lida com o assunto, bem abaixo dos 9 em cada 10 que aprovam seu desempenho geral. 

Trump afirma que nunca teve nenhuma ligação com os supostos crimes de Epstein e tem se referido ao assunto como uma "farsa democrata", usada para desviar o foco do que seriam pontos positivos de seu governo e falhas da oposição. 

A campanha parlamentar pela divulgação dos materiais sobre o financista foi liderada pelo republicano Thomas Massie, o que indica a dificuldade do governo de resistir à medida. Massie coletou 218 assinaturas de colegas da Câmara para uma petição para forçar a votação da medida, algo que vinha sofrendo resistência do presidente da Casa, o também republicano Mike Johnson. 

O fato de Trump anteriormente se opor à divulgação do material azedou as relações com uma de suas mais fortes apoiadoras no Congresso, a deputada republicana Marjorie Taylor Greene, que criticou duramente mais de uma vez o Departamento de Justiça por não divulgar mais detalhes sobre Epstein. 

A súbita reviravolta de Trump veio no domingo (16), quando ele afirmou: "Os republicanos da Câmara deveriam votar para divulgar os arquivos de Epstein, porque não temos nada a esconder." 

O principal democrata da Câmara, Hakeem Jeffries, teve outra avaliação. "Donald Trump parece ter se acovardado no escândalo Epstein. Ele cedeu. É uma rendição completa e total", disse ele em uma entrevista coletiva na segunda-feira (17). 

Johnson disse aos repórteres que ele e Trump estavam preocupados em proteger as vítimas de Epstein de exposição pública indesejada. "Não tenho certeza se a liberação faz isso, e isso é parte do problema", disse o republicano na segunda-feira. Os apoiadores da medida dizem que as preocupações de Johnson são infundadas. 

Há dúvidas, no entanto, sobre o alcance real da divulgação dos materiais, porque a medida permite ao Departamento de Justiça manter sob sigilo documentos sujeitos a investigações - ao mesmo tempo, Trump pediu ao departamento para investigar a relação de Epstein com importantes nomes democratas, como o ex-presidente Bill Clinton. 

"Uma vez que há uma investigação aberta, isso realmente acaba restringindo muitas coisas", disse a representante democrata Adelita Grijalva, cuja assinatura da petição de Massie na semana passada forçou a votação no plenário. "Ouvi de todos os lados, de ambos os partidos, questionamentos sobre o quão completa serão as informações divulgadas", disse ela à agência Reuters. 

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Epstein se declarou culpado de uma acusação estadual na Flórida em 2008 e cumpriu 13 meses de prisão. O Departamento de Justiça dos EUA, em 2019, o acusou de tráfico sexual de menores. Epstein se declarou inocente dessas acusações e morreu na prisão antes do julgamento, no que foi considerado um suicídio. 

E-mails divulgados na semana passada por um comitê da Câmara mostraram que o financista acreditava que Trump "sabia sobre as garotas", embora não estivesse claro o que isso significava. A Casa Branca disse que os e-mails divulgados não continham prova de irregularidades por parte de Trump.

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