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Kirchner enfrenta novo julgamento por corrupção em meio à crise do peronismo na Argentina

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A ex-presidente argentina Cristina Kirchner enfrenta, a partir desta quinta-feira (6), um megajulgamento por suposta corrupção na adjudicação de obras públicas, enquanto cumpre prisão domiciliar por outro caso e enfrenta uma crise de liderança dentro de sua força política.

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Segundo o Ministério Público, trata-se do maior caso de corrupção na história do país. Kirchner, que entre 2003 e 2015 dominou a política argentina como primeira-dama e depois como presidente, é acusada de liderar uma associação criminosa que nesse período arrecadou dinheiro de empresários que teriam se beneficiado com a adjudicação de contratos estatais.

No total, são 87 réus, entre eles diversos ex-funcionários e dezenas de empresários.

"É a investigação de fatos de corrupção mais extensa que já foi realizada na história judicial argentina", afirmou em um relatório em outubro a promotora Estela León.

A dirigente peronista, de 72 anos, já se encontra em prisão domiciliar e inabilitada para exercer cargos públicos desde junho, quando foi confirmada sua condenação a seis anos de prisão em outro caso de administração fraudulenta na concessão de obras públicas na província de Santa Cruz (sul).

Ela cumpre sua pena com tornozeleira eletrônica em seu apartamento em um bairro central de Buenos Aires. Lá, recebe políticos aliados, saúda seus simpatizantes da varanda e publica no X suas críticas à política ultraliberal do presidente Javier Milei.

Se for considerada culpada neste novo julgamento, pode enfrentar penas máximas de até seis e 10 anos de prisão, dependendo do delito.

Kirchner alega que os processos que enfrenta são resultado de uma perseguição político-judicial impulsionada pela direita, em particular por seu sucessor Mauricio Macri (2015-2019).

- "Caso dos cadernos" -

O julgamento do chamado "caso dos cadernos" baseia-se em uma série de anotações que supostamente foram feitas durante anos por um motorista do Ministério do Planejamento, que registrava em cadernos trajetos, nomes de funcionários, empresários e as supostas quantias de dinheiro que transportava.

A defesa de Kirchner alega que as anotações desses cadernos foram modificadas em mais de 1.500 ocasiões, nas quais nomes, datas e endereços foram alterados.

O advogado da ex-presidente, Gregorio Dalbón, classificou recentemente o caso como "a maior vergonha judicial que a democracia já teve" e afirmou que a sentença contra Kirchner "já está escrita".

Embora o processo não aponte um valor total, meios de comunicação, entre eles o jornal La Nación, e alguns investigadores estimam que as operações envolveram dezenas de milhões de dólares.

Além de Kirchner, irão a julgamento 19 ex-funcionários, dois motoristas e 65 empresários.

A maioria das audiências será realizada semanalmente por videoconferência e espera-se que o processo se estenda por pelo menos dois anos.

- Crise de liderança -

Tão amada por seus seguidores quanto detestada por seus detratores, Kirchner lidera o peronismo há mais de uma década e é a atual presidente do opositor Partido Justicialista.

Mas o início do julgamento coincide com um momento de crise para este histórico partido nacionalista e industrialista, cuja ala de centro-esquerda é conhecida como kirchnerismo.

A contundente derrota deste movimento frente ao pequeno partido de Milei nas eleições de meio de mandato de 26 de outubro refletiu o desgaste do kirchnerismo, mesmo após dois anos de duro ajuste fiscal.

"Vem aí uma forte ofensiva para tentar romper o peronismo e o campo nacional e popular como um todo", advertiu a ex-presidente após o resultado ser conhecido.

Em 2019, Kirchner escolheu Alberto Fernández para a presidência e o acompanhou como vice. Depois, distanciou-se e o criticou duramente pela crise econômica que resultou na vitória de Milei em 2023.

Ela também costuma antagonizar com Axel Kicillof, o governador da província de Buenos Aires que se projeta como um possível substituto frente à hegemonia de Kirchner e a quem ela acusou de "errar na estratégia eleitoral".

"O peronismo está passando por uma crise de liderança, que terá que ser resolvida nos próximos dois anos, antes da formação das listas para as eleições presidenciais de 2027", disse à AFP o analista político Raúl Timerman.

"O mais provável é que haja uma disputa interna, onde diferentes candidatos se apresentarão", acrescentou.

tev/lm/mel/dd/aa

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