"Como vamos atendê-los?", perguntam funcionários de hospital israelense atingido por míssil iraniano
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Siga noO pessoal do Hospital Soroka, no sul de Israel, está em estado de choque depois que um míssil iraniano atingiu, nesta quinta-feira (19), esse centro de saúde, deixando parte das instalações em ruínas.
O bombardeio abalou médicos e pacientes deste hospital em Beerseba, pouco depois das 7h da manhã, no sétimo dia de um conflito sem precedentes entre Irã e Israel.
O impacto do míssil estourou as janelas, derrubou os tetos e deixou cerca de 40 feridos. Entre os equipamentos médicos destruídos, o bombardeio gerou pânico nos corredores.
"É muito triste, nunca pensei que algo assim pudesse acontecer. Nunca (...) Aqui só há profissionais da saúde e pacientes", declarou à AFP Wasim Hin, oftalmologista do hospital.
O diretor do hospital e outros funcionários relataram que se salvaram porque o edifício atingido havia sido evacuado nos últimos dias.
"É um milagre, o prédio havia acabado de ser evacuado", disse Kevin Azoulay, que trabalha nos serviços de manutenção.
O diretor do hospital, Shlomi Codish, confirmou a jornalistas que o prédio afetado era antigo e havia sido evacuado há alguns dias.
"Estava vazio", relatou Codish.
Desde o início da guerra, em 13 de junho, entre Irã e Israel, todos os serviços que estavam situados em um dos edifícios considerados demasiadamente expostos foram deslocados, acrescentou.
São medidas de proteção habituais em caso de ameaças de lançamento de mísseis, e o hospital não havia recebido informações específicas sobre a possibilidade de um bombardeio.
A explosão também provocou danos significativos nos edifícios adjacentes.
Codish evacuou dezenas de pacientes para outros hospitais do país devido ao fechamento de várias unidades do hospital.
A instituição está agora fechada "salvo para os casos de extrema urgência", indicou.
– "Onda de choque" –
No interior do prédio de cirurgia, que fica ao lado do que sofreu o impacto direto, os corredores de entrada estão cheios de fragmentos de vidro, e os painéis do teto jazem no chão molhado por vazamentos de água.
Um bombeiro, que falou sob condição de anonimato, explicou que um incêndio devastou o quinto andar do edifício.
Para Yael Tib, integrante do Comando da Frente Interna que participou da evacuação dos pacientes, a urgência agora é verificar se as estruturas dos edifícios estão em boas condições.
"Nossa prioridade é eliminar qualquer risco de desabamento", afirmou. "Um míssil balístico gera uma onda de choque muito poderosa. É um tipo de incidente muito diferente do que conhecemos."
No terceiro andar, no Departamento de Oftalmologia, as paredes divisórias colapsaram e caíram sobre os equipamentos, todas as janelas foram destruídas e os quartos estão cobertos de fragmentos de vidro.
"Esse setor está quase destruído", disse Boris Knaizer, chefe do departamento, mostrando os escombros espalhados por seu escritório.
"Esse departamento é o mais importante do hospital em termos de cirurgias e número de pacientes atendidos — cuidamos de cerca de 50 mil pacientes por ano", ressaltou.
"E agora, como vamos atendê-los? Não temos ideia, não temos espaço, não temos salas, tudo foi destruído", acrescentou.
– "Caos organizado" –
O hospital Soroka tem mais de 1.000 leitos e atende a uma grande parte da população do sul de Israel, cerca de um milhão de pessoas.
Socorristas, soldados, bombeiros e policiais entram e saem do prédio onde ficam os pavilhões de cirurgia. Uma senhora idosa é evacuada em uma maca, com uma máscara de oxigênio.
"É um caos organizado", afirmou Dan Schwarzfuchs, chefe da emergência e subdiretor do hospital, no meio da evacuação dos pacientes.
"Cada paciente tem uma pessoa designada que o informa sobre o que vai acontecer", explicou.
O diretor informou que os pacientes mais vulneráveis não puderam ser evacuados, como idosos, pessoas com câncer e aqueles que precisam de atendimento urgente.
"É muito chocante que um centro médico tenha sido alvo de um ataque", acrescentou.
O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, classificou nesta quinta-feira como "horrendos" os ataques contra instalações de saúde durante o conflito, que já provocou pelo menos 224 mortos no Irã e 24 mortos em Israel.
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