O veterano Shigeru Ishiba se tornou oficialmente nesta terça-feira (1) o novo primeiro-ministro do Japão, após a aprovação do Parlamento, e formou um governo que enfrentará grandes desafios econômicos, políticos e internacionais. 

Ishiba, 67 anos, foi eleito na sexta-feira como líder do conservador Partido Liberal Democrático (PLD), legenda que governa o país de maneira quase ininterrupta desde 1955.

Sem surpresas, a votação do Parlamento para a nomeação oficial como primeiro-ministro foi apenas uma formalidade.

Ishiba anunciou rapidamente a composição de seu governo. Seguindo as expectativas, Katsunobu Kato, ex-secretário-geral do Executivo, foi designado ministro das Finanças. Gen Nakatani será o ministro da Defesa e Takeshi Iwaya o titular da pasta das Relações Exteriores.

O governante anunciou na segunda-feira que planeja convocar eleições legislativas antecipadas para 27 de outubro, com o objetivo de consolidar a legitimidade do novo Executivo.

- "Restaurar a confiança" -

Ishiba, um político experiente que já ocupou vários cargos ministeriais, incluindo Defesa e Agricultura, disputou a liderança do PLD quatro vezes, sem sucesso. Na quinta tentativa, finalmente foi bem-sucedido.

Sua personalidade, que gera divisões internas no partido, representa o oposto de seu antecessor Fumio Kishida, relativamente popular entre os eleitores, segundo os analistas.

A vitória de Ishiba "indica que o PLD buscou um líder com experiência e amplo apoio dos eleitores para comandar o partido nas próximas eleições nacionais", afirmou Yuko Nakano, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

"Se a coalizão governante conquistar um novo mandato, Ishiba conseguirá remodelar a dinâmica interna do partido e restaurar a confiança", acrescentou.

Entre os desafios econômicos e políticos, Ishiba enfrentará, em particular, o ritmo lento de consumo das famílias japonesas e o aumento dos salários abaixo do esperado, que constituem uma trava ao crescimento do país.

A Bolsa de Tóquio fechou em queda expressiva na segunda-feira (-4,8%), como reação à nomeação do novo premiê. Nesta terça-feira, o mercado teve uma recuperação parcial, com alta de 1,9%.

A questão da queda da natalidade no país será uma das suas prioridades, assim como o número de horas de trabalho e a vontade de reforçar o apoio aos pais.

Ele também deve abordar a desconfiança dos eleitores em relação ao partido, após uma série de escândalos político-financeiros que abalaram o PLD e derrubaram a popularidade de Kishida.

No cenário internacional, o novo chefe de Governo terá que administrar as tensões, depois que Kishida se comprometeu a dobrar os gastos de Defesa e a reforçar as relações com os Estados Unidos e outros países afetados pela ascensão da China e pela conduta da Rússia e da Coreia do Norte.

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