A polícia francesa matou nesta sexta-feira (17) um homem que tentava atear fogo em uma sinagoga e ameaçava agentes em Rouen, no noroeste de França, em um contexto de aumento dos atos antissemitas. 

Este “ato antissemita contra um lugar sagrado (…) nos afeta muito profundamente”, disse o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, em uma coletiva de imprensa perto da sinagoga.

A França, que acolhe a maior comunidade judaica da Europa, tem registrado um aumento de atos antissemitas desde o início da ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, em resposta ao ataque lançado em 7 de outubro pelo movimento islamista palestino Hamas ao sul do território israelense. 

No início de maio, o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, indicou que ocorreram 366 atos desta natureza no primeiro trimestre de 2024, um aumento de 300% em relação ao mesmo período de 2023. 

Em Rouen, os acontecimentos ocorreram por volta das 6h45 da manhã (1h45 no horário de Brasília), quando a polícia “notou a presença de um indivíduo no telhado da sinagoga com uma barra de ferro em uma mão e uma faca de cozinha na outra, gritando palavrões”, indicou o promotor local, Frédéric Teillet. 

“De fato, saía fumaça pelas janelas da sinagoga”, situada no centro histórico da cidade, declarou o representante do Ministério Público em conferência de imprensa. 

O homem atirou a barra de ferro na direção dos policiais e “depois saltou do telhado e correu em direção a um dos agentes, ameaçando-o com a faca”, explicou. 

Depois de dar vários avisos “em vão”, o policial "disparou cinco vezes, atingindo o agressor em quatro delas”, segundo o promotor, para quem o agente disparou a arma de forma lícita.

- "Um grande milagre" -

O policial de 25 anos “será condecorado”, disse Darmanin, que em 14 de abril ordenou o reforço da segurança em frente a locais de culto e escolas judaicas, um dia depois do ataque do Irã a Israel. 

Segundo a presidente da comunidade judaica de Rouen, Natacha Ben Haïm, “o incêndio causou muitos danos”, mas “ocorreu um grande milagre”, já que os livros “sagrados” da Torá, “o objeto mais importante”, não foram afetados. 

O ato buscava “intimidar todos os judeus”, escreveu na rede social X o presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (CRIF), Yonathan Arfi, que também pediu o combate ao antissemitismo. 

O Conselho Francês de Culto Muçulmano condenou o “terrível ataque” e manifestou “ seu total apoio e solidariedade aos fiéis e aos responsáveis pela sinagoga”. A Justiça abriu duas investigações: uma por incêndio em local de culto e “violência voluntária” contra funcionários públicos, e uma segunda pela morte do homem. 

O agressor pôde ser identificado graças a um cartão da rede de transporte público de Rouen.

O homem tinha nacionalidade argelina e, em 2022, solicitou uma autorização de residência como “estrangeiro enfermo”, a qual a França finalmente rejeitou em janeiro de 2024, indicou o ministro. 

Segundo fontes próximas ao caso, este homem nascido em 1995 tinha uma ordem de expulsão de França há “menos de um ano”, decisão da qual recorreu.

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