Nova fábrica da startup suíça Climeworks na Islândia, que suga dióxido de carbono do ar e armazena no subsolo, para eliminar milhões de toneladas de CO2 até 2030
       -  (crédito: Halldor KOLBEINS / AFP)

Nova fábrica da startup suíça Climeworks na Islândia, que suga dióxido de carbono do ar e armazena no subsolo, para eliminar milhões de toneladas de CO2 até 2030

crédito: Halldor KOLBEINS / AFP

Nas terras vulcânicas islandesas, a startup suíça Climeworks inaugurou a fábrica de captação de CO2 Mammoth, a maior do mundo nesse campo, com capacidade para captar 36.000 toneladas desse gás poluente. 

 

Empresa pioneira nesse setor, a Climeworks quer demonstrar a utilidade na luta contra a mudança climática das técnicas de eliminação de CO2, mas ainda minoritárias devido ao seu elevado custo e a necessidade de energia renovável para implementá-las em grande escala. 

 

Sua nova fábrica, equipada com 72 contêineres ventiladores, fica no topo de um vulcão adormecido e a cerca de 50 quilômetros de outro em erupção.

 

Mas o vale de lava solidificada permite a produção de energia na central geotérmica de Hellisheidi que alimenta os ventiladores das plantas Mammoth e Orca, um pouco menor.

 

 

Essa eletricidade também permite aquecer os filtros químicos no interior desses ventiladores para extrair o CO2 graças ao vapor d'água. 

 

O dióxido de carbono, principal responsável pelo aquecimento climático, é separado do vapor e comprimido em um hangar com enormes tubulações.

 

Finalmente é dissolvido em água, bombeada até o subsolo e reutilizada ao máximo devido a uma "espécie de máquina de refrigerante gigante", explica Bergur Sigfusson, responsável da empresa Carbfix que desenvolveu o procedimento. 

 

Um poço cavado sob uma pequena cúpula futurista permite injetar a 700 metros de profundidade essa água que, em contato com o basalto vulcânico que constitui cerca de 90% do subsolo islandês, reagirá com o magnésio, o cálcio e o ferro contidos na rocha para criar cristais que serão verdadeiras reservas sólidas de CO2.

 

Para alcançar a neutralidade de carbono antes de 2050, "entre 6 e 16 bilhões de toneladas precisarão ser retiradas do ar todos os anos, grande parte delas graças a soluções tecnológicas", declarou na quarta-feira Jan Wurzbacher, cofundador e codiretor da Climeworks na inauguração dos primeiros 12 ventiladores da Mammoth. 

 

"Não apenas nós, outras empresas devem participar", acrescentou o responsável, que fixa para sua empresas de 520 empregados o objetivo de chegar a milhões de toneladas em 2030 e se aproximar do bilhão em 2050. 

 

Três anos após a abertura da Orca, a Climeworks aumentará de 4.000 para 40.000 toneladas de CO2 capturadas quando a Mammoth estiver operando em sua capacidade total, uma quantidade ínfima comparável ao que é emitido globalmente em apenas alguns segundos. 

 

O painel de especialistas em clima da ONU acredita que essas técnicas de remoção de CO2 serão necessárias para cumprir os compromissos do Acordo de Paris, mas eles priorizam a redução maciça das emissões. 

 

A Climeworks é pioneira no setor, com as duas primeiras fábricas do mundo a passar da fase de testes. Elas operam a um custo de cerca de US$ 1.000 (pouco mais de 5 mil reais) por tonelada capturada, mas Wurzbacher espera reduzir esse valor para US$ 300 (pouco mais de 1500 reais) até 2030. 

 

Até 2030, espera-se que cerca de 20 novas infraestruturas, desenvolvidas por diferentes atores, estejam em funcionamento com capacidade para descartar cerca de dez milhões de toneladas. 

 

“Precisaremos de US$ 10 bilhões (pouco mais de 50 bilhões de reais) na próxima década para implantar” nos Estados Unidos, Canadá, Noruega, Omã e Quênia, disse Christoph Gebald, fundador e codiretor da Climeworks, à AFP.