O movimento islamista palestino Hamas se comprometeu neste sábado (27) a examinar uma contraproposta de Israel para estabelecer uma trégua na Faixa de Gaza e a libertação dos reféns, após mais de seis meses de guerra.

O anúncio do alto comando do Hamas coincidem com a viagem a Israel de uma delegação egípcia com o objetivo de retomar as negociações, atualmente estagnadas, para uma trégua, no momento em que a comunidade internacional teme que o Exército israelense inicie uma operação terrestre em Rafah. 

"Hoje, o Hamas recebeu a resposta oficial da ocupação sionista à nossa posição que havia sido enviada aos mediadores egípcios e cataris em 13 de abril passado", afirmou o número dois da ala política do Hamas em Gaza, Khalil al Hayya.

"O movimento estudará esta proposta e enviará sua resposta assim que seu estudo estiver concluído", acrescentou.

O conflito entre Israel e Hamas, que começou em 7 de outubro, devastou Gaza e neste sábado ao menos três bombardeios atingiram Rafah, no extremo sul da Faixa, na fronteira com o Egito.

Rafah abriga 1,5 milhão de pessoas aglomeradas, a maioria deslocados, e é o principal ponto de acesso de ajuda humanitária.

Apesar da crise humanitária, Israel afirma que tem planos para invadir a localidade, que considera o último reduto do Hamas. As autoridades israelenses afirmam que o grupo mantém quatro batalhões em Rafah.

- Um "marco global para um cessar-fogo" -

Os detalhes da contraproposta não foram divulgados, mas a imprensa israelense noticiou durante a semana que inclui a possível libertação de 20 reféns considerados "casos humanitários".

Na comunicação anterior entre Hamas e Israel com o auxílio de mediadores, em 13 de abril, o movimento islamista reafirmou as suas "exigências", em particular a necessidade de um cessar-fogo permanente.

O Hamas também exige a "retirada das tropas israelenses de toda a Faixa de Gaza, o retorno dos deslocados e o aumento da ajuda humanitária".

Israel, no entanto, não deseja retirar os soldados de toda a Faixa, é contrário a um cessar-fogo permanente e propõe uma pausa de várias semanas nos combates.

Na sexta-feira, uma delegação egípcia chegou a Israel para negociações sobre um "marco quadro global para um cessar-fogo" em Gaza, informou o canal Al Qahera News, próximo dos serviços de inteligência do país árabe, que citou um funcionário de alto escalão como fonte.

- "Estamos cansados" -

Depois dos ataques de 7 de outubro, Israel prometeu "aniquilar" o movimento islamista, que também é considerado uma organização terrorista por Estados Unidos e União Europeia.

Os milicianos do Hamas invadiram o sul de Israel na data e assassinaram 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.

Também sequestraram quase 250 pessoas. Mais de 100 foram libertadas durante uma trégua em novembro. Israel acredita que 129 permanecem em cativeiro e que 34 morreram desde então.

A ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza deixou 34.388 mortos, a maioria civis, segundo as autoridades de saúde do território palestino controlado pelo Hamas.

Alguns moradores retornaram para Khan Yunis, cidade do sul de Gaza destruída pelos combates em fevereiro.

"Estamos cansados", afirmou Abdelqader Mohamed Qwaider. "Insistimos em voltar e vamos nos instalara em uma barraca sobre os escombros de nossa casa". 

- Tiros na fronteira libanesa -

A guerra em Gaza aumentou os confrontos na fronteira entre Israel e Líbano, com trocas de tiros quase diárias entre o Exército israelense e o movimento islamista pró-Irã Hezbollah, aliado do Hamas. 

O Exército anunciou na sexta-feira que um civil israelense que trabalhava em uma obra morreu perto da fronteira, em um ataque com mísseis disparados do Líbano.

A guerra também provocou um desastre humanitário na Faixa de Gaza, um território de 2,4 milhões de habitantes, submetido a um bloqueio severo por parte de Israel e sob ameaça de fome, segundo a ONU.

Diante da dificuldade de transportar a ajuda internacional por estradas a partir do Egito devido aos controles rigorosos de Israel, o governo dos Estados Unidos começou a construir um porto temporário e uma doca na costa mediterrânea de Gaza, onde navios militares ou civis poderão deixar suas cargas.

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