Israel agradeceu nesta quarta-feira (24) ao Senado dos Estados Unidos pela aprovação de uma ajuda militar de 13 bilhões de dólares (66,7 bilhões de reais), uma "mensagem forte" para seus "inimigos" na guerra de Gaza.

Mais de seis meses depois do início da guerra, que começou após o ataque sem precedentes do movimento islamista palestino Hamas contra Israel em 7 de outubro, grande parte da comunidade internacional teme uma operação militar em Rafah.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insiste há várias semanas que a cidade, no extremo sul do território palestino, onde 1,5 milhão de pessoas estão aglomeradas, segundo a ONU, é o último reduto do Hamas.

Fonte médicas e do setor de segurança em Gaza relataram bombardeios israelenses nos setores de Nuseirat, no centro, e em Rafah. O Hamas afirmou que 79 palestinos morreram nas últimas 24 horas.

Um correspondente da AFP também observou bombardeios intensos e tiros na cidade de Gaza e no norte.

No campo diplomático, Israel agradeceu aos Estados Unidos, seu principal aliado, pela ajuda US$ 13 bilhões para reforçar, em particular, o sistema de defesa antiaérea "Domo de Ferro".

A ajuda é "um testemunho claro da força da nossa aliança e envia uma mensagem forte a todos os nossos inimigos", afirmou o chefe da diplomacia do país, Israel Katz, em uma referência ao Hamas, mas também ao Irã e ao Hezbollah libanês.

O pacote também contempla mais de 9 bilhões de dólares (R$ 46 bilhões) para "atender a necessidade urgente de ajuda humanitária em Gaza e outras populações vulneráveis em todo o mundo".

- "Situação apocalíptica" -

Fontes do governo do Egito, citadas pelo Wall Street Journal, afirmaram que Israel se prepara para transferir os civis de Rafah para cidade de Khan Yunis, onde pretende instalar barracas e centros de distribuição de refeições.

A operação de retirada duraria de duas a três semanas e aconteceria em coordenação com Estados Unidos, Egito e outros países árabes, segundo as mesmas fontes.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que estava examinando uma "série de medidas que devem ser adotadas na preparação para as operações em Rafah, em particular sobre a retirada dos civis".

Uma operação do tipo "seria um crime", declarou à AFP o diretor do serviço de imprensa do governo em Gaza, Ismail Al Thawabta, insistindo que o centro do território e a cidade de Khan Yunis "não podem receber de forma alguma" os 1,5 milhão de deslocados de Rafah.

Imagens de satélite da empresa Maxar Technologies mostram tendas instaladas recentemente no sul. Para Jan Egeland, secretário-geral da ONG 'Norwegian Refugee Council' (NRC), uma ofensiva terrestre em Rafah, "o maior campo de deslocados" do mundo, levaria a uma "situação apocalíptica".

- 340 cadáveres exumados -

A guerra não dá sinais de trégua. O Exército israelense anunciou nesta quarta-feira que bombardeou posições de lançamento do Hamas no sul da Faixa durante a noite. 

"Mais de 50 alvos foram atingidos", afirmou em um comunicado.

O conflito começou em 7 de outubro com uma incursão de combatentes islamistas no sul de Israel. Eles assassinaram 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem baseada em dados oficiais israelenses.

Mais de 250 pessoas foram sequestradas e 129 continuam em cativeiro em Gaza. Israel acredita que 34 foram mortas.

Em resposta ao ataque, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, que está no poder em Gaza desde 2007, e iniciou uma operação militar que deixou 34.262 mortos até o momento, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.

A Proteção Civil de Gaza indicou que, desde sábado, foram exumados 340 corpos que haviam sido enterrados pelas forças israelenses em valas comuns no hospital Nasser, de Khan Yunis.

O Exército de Israel negou ter enterrado centenas de palestinos e afirmou que a acusação era "infundada".

ONU e União Europeia pediram uma investigação independente sobre as valas comuns encontradas em vários hospitais do território e garantias sobre a responsabilização pelo ocorrido.

Nas ruínas do hospital Al Shifa, na cidade de Gaza, o médico Amjad Alewah mostrou a um correspondente da AFP o estado da área de emergência, queimada e praticamente sem móveis. "Depois de 200 dias de guerra, estamos agora no meio dos escombros deste grande hospital (...) Recebíamos milhares de feridos todos os dias", recorda.

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