Quando Naim al Goaan viu um paraquedas cair do céu de Gaza, um território devastado por seis meses de guerra entre Israel e Hamas, pensou em como poderia aproveitá-lo ao máximo, além da ajuda humanitária que carregava.

Depois que "o paraquedas caiu no mar, o recuperamos com a ajuda de um pequeno barco", contou este pescador palestino de Deir el Balah, no centro da Faixa de Gaza, à AFP.

"As pessoas pegaram a ajuda e nós recuperamos o paraquedas para transformá-lo em uma barraca na qual minha irmã dorme durante a noite, e durante o dia a utilizamos como um comércio."

O tecido do paraquedas foi reutilizado para fabricar uma barraca de cerca de um metro quadrado, estendido sobre uma estrutura de madeira e tubos metálicos, na praia de Deir el Balah.

Nesta segunda-feira (22), a família de Goaan estava sentada sob a sombra, à espera de que as pessoas viessem comprar os produtos colocados sobre um banco de madeira: ovos, conservas e massa.

Conseguir o paraquedas não foi tarefa fácil. "Lutamos muito para recuperá-lo, e a embarcação virou duas vezes antes que conseguíssemos", contou o pescador.

- 'A guerra vai durar' -

A perspectiva de que a guerra não dê trégua justificou o esforço, explicou Goaan.

"A razão [para montar a tenda] é a guerra, e parece que vai durar muito tempo", disse.

O conflito começou após o ataque de 7 de outubro do Hamas no sul de Israel, no qual os combatentes islamistas mataram 1.170 pessoas, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais israelenses.

Em represália, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, e lançou uma ofensiva militar que deixou até agora 34.151 mortos, segundo o Ministério de Saúde do pequeno território.

Os bombardeios contínuos deixaram grande parte da Faixa em ruínas, e obrigaram a maioria da população a viver em abrigos improvisados.

Em Rafah, no extremo sul do território, Israel encomendou 40 mil tendas para abrigar quase meio milhão de habitantes de Gaza, antes de uma provável operação terrestre nessa localidade, que o governo israelense considera como o último bastião do Hamas.

Segundo a ONU, 1,5 milhão de palestinos estão amontoados nessa cidade, a maioria deslocados pela guerra.

Alguns deles retornaram para o norte depois que Israel retirou a maioria de suas tropas do sul de Gaza no início do mês.

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