Dos primeiros Jogos Olímpicos em Atenas em 1896 a Tóquio-2020, segue a lista de atletas que escreveram a lenda olímpica por seus recordes, suas proezas e por suas vidas fora do comum.

- Allyson Felix, fé na vitória -

Felix ainda é a atleta feminina mais premiada da história, com sete medalhas de ouro olímpicas e 14 títulos mundiais.

Ícone da velocidade devido ao seu domínio nos 100, 200 e 400 metros, bem como nos revezamentos, onde se tornou um pilar dos sucessos de seu país, ela elevou sua lenda ao continuar conquistando medalhas depois de se tornar mãe, após um parto prematuro que a deixou à beira da morte.

"Pernas de galinha", apelido que ganhou por suas pernas finas, brilhou nas pistas com sua figura esbelta (1,68m e 57 kg), mostrando uma imagem "enganosamente frágil", como destaca seu treinador ao ressaltar a "relação potência-peso excepcional" que sempre teve com sua pupila.

A jamaicana Veronica Campbell a privou do ouro em sua prova favorita, os 200 metros, em 2004 e 2008, mas Felix se vingou conquistando o ouro em Londres 2012.

Uma carreira de sonho que se tornou ainda maior fora das pistas ao conseguir que a Nike se comprometesse a não impor penalidades financeiras a nenhuma atleta profissional grávida sob seu patrocínio, como a que a própria Felix sofreu.

Filha de um pastor protestante e uma devota crente, a velocista competiu em cinco Jogos Olímpicos e se aposentou em 2022 após dezenove anos de carreira.

- Mijain López, cinco seguidas? -

Ele é menos falado do que atletas e nadadores, mas o campeão cubano de luta greco-romana alcançou uma proeza em sua disciplina ao ganhar quatro medalhas de ouro em quatro Jogos Olímpicos consecutivos: Pequim-2008, Londres-2012, Rio-2016 e Tóquio-2020.

As duas primeiras vezes na categoria de menos de 120 kg, e depois na de menos de 130 kg. Simplesmente, ele está invicto desde os quartos de final de Atenas 2004.

Com essa sequência, López entrou no seleto clube dos vencedores de quatro ouros consecutivos na mesma prova nos Jogos Olímpicos, ao lado de Carl Lewis (salto em distância), Al Oerter (disco), o dinamarquês Paul Elvstrom (vela) e a japonesa Kaori Icho (luta livre).

Considerado o melhor lutador olímpico, o colosso de 1,98 metros, porta-bandeira da delegação cubana em cada uma destas Olimpíadas, não disse sua última palavra e aspira a um quinto título.

"O colchão tem a última palavra e, como eu digo, sempre vou repetir", declarou à AFP em março o homem apelidado de "o Terrível", em alusão ao seu espírito competitivo.

Esta massa muscular de quase dois metros de altura, que não participa de competições oficiais desde agosto de 2021, celebrará seu 42º aniversário em agosto, logo após os Jogos Olímpicos, e tentará superar qualquer outro competidor e conquistar seu quinto ouro.

- Katie Ledecky, rainha da meia distância -

Será que ela vai conseguir? a americana de 27 anos sonha em se tornar a primeira nadadora a ganhar quatro vezes seguidas a mesma prova (em seu caso os 800 m livres) nos Jogos Olímpicos.

Ledecky, nascida em Maryland, ganhou destaque desde pequena e seus pais não demoraram para perceber que ela tinha a competição no sangue. Embora tivesse como primeiro objetivo os Jogos do Rio-2016, Ledecky ganhou sua prova favorita em Londres-2012, aos 15 anos de idade, e repetiu o feito nas duas olimpíadas seguintes.

Invicta desde 2012, ela foi derrotada em fevereiro pela canadense Summer McIntosh, de 17 anos. Uma derrota que colocou dúvidas sobre se o resultado foi apenas um acidente ou um possível presságio anunciando o fim de do reinado de Ledecky.

Na carreira, a americana acumula uma série de recorde e bateu várias marcas mundiais. Em 2023, destronou o lendário Michael Phelps com 16 títulos mundiais individuais, um a mais que o compatriota. Seu segredo: "Equilíbrio entre exigência e indulgência".

- Simone Biles, a pequena gigante -

Em 2013, aos 16 anos, Biles se tornou a primeira mulher afro-americana a se tornar campeã de ginástica dos Estados Unidos.

Desde então, ela ganhou sete medalhas olímpicas, um feito que a tornou a ginasta mais premiada de todos os tempos e apelidada de "GOAT" (sigla para 'melhor de todos os tempos', em inglês). Um elogio que a ginasta abraçou, ostentando uma cabeça de cabra ('Goat' em inglês) em seu collant de lantejoulas.

Após uma pausa de dois anos, ela voltou à competição em 2023, ganhando seu oitavo título nacional individual em dez anos e seu sexto título mundial. Nessa competição, ela realizou um duplo mortal para trás com o corpo dobrado, uma manobra nunca antes feita por uma mulher em competição.

No entanto, tudo poderia ter terminado em Tóquio para esta ágil mulher de 1,42 metros. Sendo a grande favorita da ginástica nesses Jogos, Biles desistiu da maioria das provas alegando estar priorizando sua "saúde mental". O motivo? Uma brutal e imprevisível incapacidade de se orientar no espaço durante os saltos.

Aos anéis olímpicos que ela tem tatuados no antebraço direito desde 2016, ela adicionou três palavras acima do coração: "Still I Rise" (E ainda assim me levanto). A frase é o título de um poema da afro-americana Maya Angelou, ativista pelos direitos civis que foi estuprada quando criança.

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