O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu contraparte francês, Emmanuel Macron, celebraram, nesta quarta-feira (27), a parceria estratégica entre seus dois países durante a cerimônia de lançamento de um submarino franco-brasileiro perto da cidade do Rio de Janeiro.

Na segunda etapa de uma visita de três dias ao Brasil, Macron e Lula se encontraram no Complexo Naval de Itaguaí (a cerca de 70 km do Rio) para o lançamento de um submarino de propulsão convencional fabricado com cooperação francesa.

O submarino "Tonelero" foi batizado com a quebra de uma garrafa de espumante pela primeira-dama Janja.

Os dois líderes destacaram a importância dessa parceria em um mundo marcado por guerras e perturbações globais.

"A parceria que a França está construindo conosco é uma parceria que vai permitir que dois países importantes, cada um num continente, se prepare para que a gente possa conviver com essa diversidade sem se preocupar com qualquer tipo de guerra, porque nós somos defensores da paz em todo e em qualquer momento da nossa história", disse Lula.

Macron evocou uma "mesma visão de mundo" com Lula, apesar dos desacordos, especialmente sobre a Ucrânia.

"As grandes potências pacíficas que são o Brasil e a França, que devem atuar em um mundo cada vez mais desorganizado, às vezes precisam saber usar a linguagem da firmeza para proteger a paz", apontou o presidente francês.

O "Tonelero" é o terceiro de quatro submarinos Scorpène de propulsão convencional previstos no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que prevê 37,1 bilhões de reais para o desenvolvimento das capacidades submarinas do Brasil e sua indústria.

- Submarino nuclear -

O "Angostura", o último destes exemplares destinados à proteção dos 8.500 km de costa do Brasil, deve ser lançado ao mar em 2025.

O acordo com a França, datado de 2008, prevê também um quinto submarino, que seria o primeiro do Brasil com propulsão nuclear.

"Quero que abramos um capítulo para novos submarinos [...], que olhemos de frente para a propulsão nuclear sendo perfeitamente respeitosos com todos os compromissos de não proliferação", disse Macron.

"A França estará ao lado de vocês", acrescentou o presidente francês ao lado de Lula.

Brasília busca convencer Paris a aumentar sua transferência de tecnologia para integrar o reator e vender equipamentos ligados à propulsão nuclear (turbina, gerador).

"Presidente Macron, volte para a França e diga aos franceses que o Brasil está querendo os conhecimentos da tecnologia nuclear não para fazer guerra. Nós queremos ter o conhecimento para garantir a todos os países que querem paz, que saibam que o Brasil estará ao lado de todos", declarou o petista.

Macron seguiu para São Paulo, onde participará de um fórum econômico.

A França é o terceiro maior investidor no Brasil, com cerca de 190 bilhões de reais, segundo dados do governo brasileiro.

Na terça-feira, primeiro dia da visita, Macron e Lula anunciaram um programa para arrecadar 5,4 bilhões de reais para investir em projetos de economia sustentável na Amazônia Legal e na Guiana Francesa.

E na quinta-feira será a vez da geopolítica, em uma reunião entre os presidentes em Brasília.

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