A Justiça britânica anunciará na terça-feira (26) a sua decisão sobre o recurso apresentado pelo fundador do Wikileaks, Julian Assange, contra a sua extradição para os Estados Unidos, que o exige sob acusações de espionagem pelo vazamento maciço de documentos confidenciais. 

Depois de duas audiências em fevereiro, dois magistrados do Supremo Tribunal de Justiça de Londres anunciarão a sua decisão na terça-feira a partir das 7h30 (horário de Brasília), indicou o tribunal na sua agenda publicada nesta segunda-feira.

Os juízes Victoria Sharp e Jeremy Johnson devem decidir se concedem ao australiano de 52 anos o direito de recorrer da sua extradição para os Estados Unidos, aceita em junho de 2022 pelo governo britânico. 

"Chegou a agora. DECISÃO AMANHÃ", disse Stella Assange, esposa de Assange, na rede social X.

Em caso de derrota, Julian Assange encaminharia a questão para o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos na esperança de suspender a extradição, segundo Stella. 

A Justiça dos Estados Unidos exige Assange por ter publicado, desde 2010, mais de 700 mil documentos confidenciais sobre atividades militares e diplomáticas americanas, particularmente no Iraque e no Afeganistão. 

Entre eles, está um vídeo que mostra civis, incluindo dois jornalistas da agência Reuters, mortos por disparos de um helicóptero de combate americano no Iraque, em julho de 2007.

Assange foi preso pela polícia britânica em 2019 depois de passar sete anos na embaixada equatoriana em Londres para evitar sua extradição para a Suécia em uma investigação por estupro, descartada em 2019.

- Risco de suicídio -

Os apoiadores de Assange pediram ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que retire as 18 acusações contra ele, impostas durante o primeiro mandato de Donald Trump.

Nas últimas semanas, os familiares do australiano, detido há cinco anos na prisão de alta segurança de Belmarsh, em Londres, alertaram sobre a deterioração de seu estado de saúde. Sua defesa também aponta o risco de suicídio em caso de extradição.

Assange se ausentou por razões médicas das audiências judiciais em fevereiro, durante as quais dezenas de seus seguidores apareceram para mostrar seu apoio.

Nesses dois dias de debates, seus advogados tentaram convencer os magistrados de que esse processo contra ele é “político” e que uma extradição colocaria em perigo sua saúde e até mesmo sua vida.

Na ocasião, o advogado Edward Fitzgerald disse que o australiano está sendo julgado por “práticas jornalísticas comuns” que consistem em “obter e publicar informações”.

Portanto, seu cliente enfrenta uma sentença desproporcional nos Estados Unidos e “há um risco real de que sofra uma flagrante negação de justiça”, acrescentou.

A advogada Clair Dobbin, que representa o governo americano, alegou, por sua vez, que Assange publicou “indiscriminadamente e conscientemente os nomes de pessoas que serviam como fontes de informação para os Estados Unidos”.

“São esses fatos que o distinguem [de outros meios de comunicação] e não suas opiniões políticas”, argumentou.

Em janeiro de 2021, a justiça britânica decidiu inicialmente a favor do fundador do WikiLeaks. Falando do risco de suicídio, a juíza Vanessa Baraitser se recusou a autorizar a extradição. Mas essa decisão foi revertida mais tarde.

Sobre o tratamento que receberia se fosse extraditado, os Estados Unidos afirmaram que não seria detido na prisão de segurança máxima ADX Florence, no Colorado, apelidada de “Alcatraz das Montanhas Rochosas”, e que receberia o atendimento médico e psicológico necessário.

Washington também citou a possibilidade de que ele solicite cumprir sua pena na Austrália.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, denunciou recentemente a perseguição de Assange por parte da Justiça americana e o Parlamento australiano adotou uma moção pedindo seu fim.

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