Israel luta nesta segunda-feira (25) contra combatentes do movimento palestino Hamas em torno de pelo menos dois hospitais na Faixa de Gaza, aumentando os temores pelo destino dos pacientes, pessoal médico e pessoas deslocadas que se abrigam nestes estabelecimentos. 

As tropas e tanques israelenses lançaram há mais de uma semana uma operação em torno do hospital Al Shifa, o maior centro de Gaza no norte deste território palestino, e iniciaram também um cerco ao hospital Al Amal, no sul de Gaza, em Khan Yunis. 

Israel afirma ter lançado operações de "precisão", mas as agências humanitárias alertaram sobre os riscos para civis encurralados pelos combates.

A nível diplomático, o Conselho de Segurança da ONU volta a votar nesta segunda-feira um projeto de resolução para um "cessar-fogo imediato" em Gaza. 

Além disso, as negociações entre as equipes técnicas para uma trégua continuam no Catar. 

Depois de mais de cinco meses e meio de conflito, há duas questões que preocupam a comunidade internacional: o risco crescente da população de Gaza sofrer fome e o plano anunciado por Israel para invadir Rafah, cidade no sul do território que abriga quase 1,5 milhão de palestinos, muitos deles deslocados.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, viajou no fim de semana ao Egito, até a fronteira com Gaza, de onde pediu o fim do "pesadelo" para os quase 2,4 milhões de habitantes deste território palestino, sujeito a um cerco israelense desde o início do conflito. 

Israel enfrenta uma pressão crescente do seu principal aliado, os Estados Unidos, em um momento em que o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, se reunirá em Washington com o chefe do Pentágono, Lloyd Austin.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que governa uma coalizão de extrema direita, prometeu levar adiante os planos de invasão de Rafah, com ou sem o apoio dos EUA. 

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, reiterou no fim de semana na rede ABC TV a posição de Washington de que invadir Rafah seria "um erro grave" e afirmou que não se pode descartar que haja "consequências" para Israel.

- "Muito sofrimento" -

A guerra eclodiu em 7 de outubro com o ataque do Hamas em Israel, que deixou cerca de 1.160 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados israelenses. 

A resposta israelense deixou pelo menos 32.333 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa este território palestino desde 2007. 

A grave escassez de alimentos e de água aumenta o sofrimento dos civis, especialmente no norte de Gaza.

"Não temos alimentos que nos forneçam a energia necessária para ir buscar água", disse Basam Mohamed al Hau, em Jabaliya. 

Falah Saed afirmou que a população vive "muito sofrimento" pela falta de água, já que o abastecimento cessou no início da guerra devido ao cerco decretado por Israel.

- Combates nos arredores dos hospitais -

O Exército israelense afirmou que luta contra membros do Hamas em torno de pelo menos dois hospitais na Faixa de Gaza e disse ter matado mais de 20 combatentes palestinos nas últimas 24 horas. 

A população que vive nas imediações do hospital Al Shifa relata que sofre condições infernais, com cadáveres nas ruas, bombardeios constantes e a detenção de muitos homens, que são obrigados a despir-se para interrogatório. 

Segundo Israel, o saldo das suas operações nesta área é de 170 "terroristas" mortos e quase 500 detenções de indivíduos vinculados ao Hamas e à Jihad Islâmica. 

Em Khan Yunis, as tropas israelenses cercaram a área ao redor do hospital Al Amal e estão impedindo qualquer entrada no centro e bloqueiam a saída da equipe médica, disse o Crescente Vermelho palestino.

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