Um estudante da Escola Normal de Ayotzinapa morreu e outro ficou ferido após um confronto com a polícia no estado mexicano de Guerrero, no sul, em um incidente relacionado ao roubo de um veículo, informaram autoridades nesta sexta-feira (8).

O incidente ocorreu na noite de quinta-feira (7), um dia depois de manifestantes da mesma escola invadirem o palácio presidencial do México, enquanto o presidente Andrés Manuel López Obrador realizava uma coletiva de imprensa, para exigir justiça pelo desaparecimento de 43 estudantes em 2014.

López Obrador informou nesta sexta-feira que os estudantes estavam em um carro roubado quando a polícia ordenou que parassem em uma guarita rodoviária, perto da entrada de Chilpancingo, a capital de Guerrero.

De acordo com o relatório da Secretaria de Segurança Pública de Guerrero, dentro do veículo, uma caminhonete branca, foram encontrados uma arma de fogo, cartuchos, "três saquinhos de uma substância cristalina e cervejas".

O pai de um dos 43 estudantes desaparecidos em 2014, Clemente Rodríguez, rejeitou a versão oficial e afirmou que os estudantes não estavam armados e que um vídeo de segurança mostra que eles apenas "se protegem atrás da caminhonete", enquanto "a polícia estadual atira neles".

Após o incidente, estudantes de Ayotzinapa foram protestar na noite de quinta-feira em Chilpancingo, onde incendiaram uma viatura da polícia, conforme apurado pela AFP.

O presidente mexicano garantiu que seu gabinete de segurança pedirá à procuradoria federal que assuma a investigação do caso "para esclarecer o que aconteceu e punir os responsáveis".

A tragédia de Ayotzinapa, executada por criminosos em conluio com policiais, é considerada uma das piores violações dos direitos humanos cometidas no México, que acumula cerca de 450.000 assassinatos e mais de 100.000 desaparecidos desde 2006, atribuídos principalmente ao crime organizado.

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