Dezenas de pessoas que se manifestavam contra a tragédia de Ayotzinapa derrubaram, nesta quarta-feira (6) com uma caminhonete, uma das portas do Palácio Nacional mexicano, durante a coletiva de imprensa do presidente Andrés Manuel López Obrador, que denunciou um "plano de provocação". 

Em imagens divulgadas pela rede Milenio, observa-se como o veículo bate em uma das três entradas, por onde entrou posteriormente um grupo de manifestantes encapuzados e aparentemente alguns familiares dos 43 alunos da escola de Ayotzinapa desaparecidos em 2014.

"É um movimento contra nós (...) é um plano de provocação muito claro", declarou López Obrador ao ser questionado por jornalistas sobre o que estava acontecendo no exterior do edifício.

"Queriam que respondêssemos com violência, não vamos fazer isso, não somos repressores (...) A porta será consertada e não tem problema", acrescentou o presidente pouco antes de encerrar a coletiva.

As imagens divulgadas na televisão mostram guardas com escudos enfrentando os jovens encapuzados no Palácio Nacional. Posteriormente, os militares recorreram a extintores de incêndio para dispersar os manifestantes, segundo a imprensa local.

As portas do Palácio Nacional, construído no período colonial, já haviam sido alvo de outros protestos, mas esta foi a primeira vez em anos que conseguem derrubá-la.

Os alunos da escola rural de Ayotzinapa desapareceram entre 26 e 27 de setembro de 2014 na cidade de Iguala, no estado de Guerrero (sul), um dos mais violentos do país devido aos confrontos entre cartéis do tráfico de drogas.

- Manifestações -

Familiares dos desaparecidos, seus advogados, ativistas, estudantes e simpatizantes realizaram diversos protestos na Cidade do México e no estado de Guerrero, onde está localizada a escola rural de Ayotzinapa.

Uma manifestação também foi registrada na Praça da Constituição, em frente à sede do governo mexicano, para exigir que os participantes fossem recebidos por López Obrador. 

"O subsecretário" do Governo irá atendê-los, disse o presidente, denunciando que os advogados e ativistas que acompanham os pais "buscam fins políticos".

Uma primeira versão oficial da gestão anterior (2012-2018) indicou que os estudantes foram detidos por policiais de Iguala em conluio com o cartel Guerreros Unidos, que teria assassinado os alunos e desaparecido com seus corpos. 

López Obrador se comprometeu a analisar a fundo as investigações e encontrar os jovens.

No ano passado, uma comissão governamental estabeleceu que o Exército mexicano tinha conhecimento do sequestro e desaparecimento dos 43 estudantes de Ayotzinapa. 

Em agosto, peritos internacionais independentes da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que também investigaram os desaparecimentos, concluíram o trabalho censurando o Estado mexicano pela responsabilidade no crime e sua insistência em ocultar informações.

O México realiza eleições presidenciais em 2 de junho e a favorita nas pesquisas, Claudia Sheinbaum, é herdeira política de López Obrador.

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